Roberto Gameiro
Começo com uma pergunta simples.
Você já mentiu?
No caso de a sua resposta ter sido “não”, eu pergunto novamente: você realmente nunca mentiu?
A reflexão sobre “mentira e verdade” para a formação dos nossos filhos precisa passar, antes de mais nada, por um autoexame das nossas posturas em relação a esse tema.
E, aqui, nos vemos, muitas das vezes, numa situação “espinhosa”.
Como formá-los para a verdade se, por exemplo, seu filho atende ao telefone e diz:
-Pai! É o “Fulano de Tal”!
E você diz: “Diga que não estou”.
Alguém vai dizer: “Essa é uma mentirinha inocente”.
“Mentira inocente” continua sendo uma mentira. Adjetivada, mas mentira.
E, então, o que fica, numa circunstância como essa, para a formação da criança? Ela, provavelmente, vai pensar: “então, existem “mentiras inocentes” que eu posso dizer e “mentiras não inocentes” que eu não posso dizer”. Entretanto, como o pai vai explicar para o filho qual o limite entre uma e outra?
Não existem “meias mentiras”, nem “meias verdades”. Ou é mentira, ou é verdade.
E de pouco adianta o recurso do “faça o que eu digo; não faça o que eu faço”; essa é uma postura autoritária que está fora de uso e, com certeza, mais afasta do que aproxima pais de filhos.
Difícil, não é?
Acredito que a expressão-chave para situações assim é “bom senso”. Mas, o que é “bom senso”?
Descartes escreveu no seu “Discurso sobre o Método:
“Inexiste no mundo coisa mais bem distribuída que o bom senso, visto que cada indivíduo acredita ser tão bem provido dele que mesmo os mais difíceis de satisfazer em qualquer outro aspecto não costumam desejar possuí-lo mais do que já possuem. (...) isso é antes uma prova de que o poder de julgar de forma correta e discernir entre o verdadeiro e o falso, que é justamente o que é denominado bom senso ou razão, é igual em todos os homens; (...) Pois é insuficiente ter o espírito bom, o mais importante é aplicá-lo bem. As maiores almas são capazes dos maiores vícios, como também das maiores virtudes, e os que só andam muito devagar podem avançar bem mais, se continuarem sempre pelo caminho reto, do que aqueles que correm e dele se afastam”.
No “Aurélio”, encontramos que “bom senso” é a aplicação correta da razão para julgar ou raciocinar em cada caso particular da vida.
Aplicar corretamente a razão, julgar de forma correta e discernir entre o verdadeiro e o falso, entre a mentira e a verdade, agir sob a égide da justiça, devem ser norte para os pais no processo de formação dos seus filhos. O dia a dia, entretanto, nos lança desafios que só a presença significativa, a proximidade, o diálogo constante, a gratidão, o olho no olho, a sinceridade, a assunção das próprias fragilidades e limitações humanas, podem resultar em educação de verdade.
Educamos nossos filhos através do uso da razão e da emoção, às vezes exagerando numa ou noutra.
Começo com uma pergunta simples.
Você já mentiu?
No caso de a sua resposta ter sido “não”, eu pergunto novamente: você realmente nunca mentiu?
A reflexão sobre “mentira e verdade” para a formação dos nossos filhos precisa passar, antes de mais nada, por um autoexame das nossas posturas em relação a esse tema.
E, aqui, nos vemos, muitas das vezes, numa situação “espinhosa”.
Como formá-los para a verdade se, por exemplo, seu filho atende ao telefone e diz:
-Pai! É o “Fulano de Tal”!
E você diz: “Diga que não estou”.
Alguém vai dizer: “Essa é uma mentirinha inocente”.
“Mentira inocente” continua sendo uma mentira. Adjetivada, mas mentira.
E, então, o que fica, numa circunstância como essa, para a formação da criança? Ela, provavelmente, vai pensar: “então, existem “mentiras inocentes” que eu posso dizer e “mentiras não inocentes” que eu não posso dizer”. Entretanto, como o pai vai explicar para o filho qual o limite entre uma e outra?
Não existem “meias mentiras”, nem “meias verdades”. Ou é mentira, ou é verdade.
E de pouco adianta o recurso do “faça o que eu digo; não faça o que eu faço”; essa é uma postura autoritária que está fora de uso e, com certeza, mais afasta do que aproxima pais de filhos.
Difícil, não é?
Acredito que a expressão-chave para situações assim é “bom senso”. Mas, o que é “bom senso”?
Descartes escreveu no seu “Discurso sobre o Método:
“Inexiste no mundo coisa mais bem distribuída que o bom senso, visto que cada indivíduo acredita ser tão bem provido dele que mesmo os mais difíceis de satisfazer em qualquer outro aspecto não costumam desejar possuí-lo mais do que já possuem. (...) isso é antes uma prova de que o poder de julgar de forma correta e discernir entre o verdadeiro e o falso, que é justamente o que é denominado bom senso ou razão, é igual em todos os homens; (...) Pois é insuficiente ter o espírito bom, o mais importante é aplicá-lo bem. As maiores almas são capazes dos maiores vícios, como também das maiores virtudes, e os que só andam muito devagar podem avançar bem mais, se continuarem sempre pelo caminho reto, do que aqueles que correm e dele se afastam”.
No “Aurélio”, encontramos que “bom senso” é a aplicação correta da razão para julgar ou raciocinar em cada caso particular da vida.
Aplicar corretamente a razão, julgar de forma correta e discernir entre o verdadeiro e o falso, entre a mentira e a verdade, agir sob a égide da justiça, devem ser norte para os pais no processo de formação dos seus filhos. O dia a dia, entretanto, nos lança desafios que só a presença significativa, a proximidade, o diálogo constante, a gratidão, o olho no olho, a sinceridade, a assunção das próprias fragilidades e limitações humanas, podem resultar em educação de verdade.
Educamos nossos filhos através do uso da razão e da emoção, às vezes exagerando numa ou noutra.
Entretanto, há que se buscar o equilíbrio no exemplo e no testemunho baseados nos valores familiares, dos quais não podemos nos afastar.
“Portanto, cada um de vocês deve abandonar a mentira e falar a verdade ao seu próximo, pois todos somos membros de um mesmo corpo”. (Efésios 4,25)
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Roberto Gameiro é Palestrante, Consultor e Mentor
nas áreas de “Gestão de escolas de Educação Básica” e “Educação de crianças e
adolescentes”. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br.
Sempre bom, professor Roberto!!!
ResponderExcluirParabéns Roberto. Excelente texto coroado com a citação do livro de Efesios.
ResponderExcluirVerdade é a linguagem da ética.
ResponderExcluirParabéns pelo texto