Há um bom número de anos, e haja anos nisso, atuava eu como
vice-diretor de uma escola em São Paulo, quando numa certa manhã, recebi a mãe
de um aluno de quinto ano, que vinha fazer reclamação sobre procedimento de uma
professora.
Coincidentemente, a professora chegou e, de sua iniciativa,
juntou-se a nós. A mãe mostrava-se muito chateada e, após um bate-boca com a
professora, afirmou que a docente tinha chamado o filho dela de cafajeste.
Levei um grande susto e tive vontade de me esconder embaixo da mesa, de
vergonha. Passaram algumas frações de segundo, que pareceram um século, quando
a professora retrucou: “eu não chamei o
seu filho de cafajeste!”. Aí, eu “cresci” de novo. Afinal, a professora estava
desmentindo a mãe que, talvez, estivesse enganada, ou mal informada. Mas, qual
não foi a minha decepção quando a professora arrematou: “eu o chamei de
cafajestinho!”.
Esse fato realmente aconteceu. Não é apenas enredo/mote para
um artigo. É um caso extremo que, felizmente, não teve similar em toda a minha
vida posterior de diretor. Sempre tive a felicidade de trabalhar com docentes
muito comprometidos, respeitosos e amorosos; mas mostra as agruras que o gestor
escolar passa no dia a dia do funcionamento de uma escola.
Direção, técnicos, professores e auxiliares formam um todo
que precisa ser coeso e coerente em relação ao projeto pedagógico da escola.
O diretor é o “padrinho” de todos, inclusive, e
principalmente, dos estudantes, cabendo-lhe garantir um clima de respeito
recíproco entre todos os agentes que ali atuam. Costumo dizer que a principal
missão do diretor é fazer com que todos “sejam felizes na escola”; não uma
felicidade descomprometida, um laisser-faire,
mas algo fruto da assunção, por cada um, das suas responsabilidades, inclusive
em relação aos aspectos da competência e da urbanidade.
Todos precisam conhecer, cumprir e fazer cumprir a missão, os
princípios, os valores, as normas e as regras da Instituição e, nas
confessionais, o carisma.
O futebol nos fornece pista comparativa interessante, que,
embora possa parecer esdrúxula, serve para um bom debate: numa escola, o
professor é o centroavante; o diretor é o goleiro; o projeto pedagógico é o
técnico; a boa formação e o aprendizado dos alunos é o gol. Todos trabalham
para atingir o gol e, para isso, devem formar uma equipe que precisa ser, além
de eficiente, eficaz, seguindo disciplinarmente as orientações do técnico.
Equipe eficaz é aquela que marca gols; se não, ela será, quando muito,
eficiente.
O caso que encima este texto foi um verdadeiro “gol contra”.
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Roberto Gameiro é Mestre em Administração com ênfase em gestão estratégica de organizações, marketing e competitividade; habilitado em Pedagogia (Administração e Supervisão); licenciado em Letras; pós-graduado (lato sensu) em Avaliação Educacional e em Design Instrucional. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br
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