Atualizado em 15/06/21
Roberto Gameiro
Rubem Alves (1933-2014) escreveu certa vez: “É comum dizer-se que a função das escolas é preparar as crianças e os adolescentes para a vida. Como se a vida fosse algo que irá acontecer em algum ponto do futuro, depois da formatura. Mas a vida não acontece no futuro. Ela só acontece no aqui e no agora.”.
Certa vez, como diretor, recebi a visita de um possível futuro pai de aluno. Ele queria saber qual era a performance dos alunos da escola nos vestibulares e, especialmente, no ENEM.
Como percebi que o objetivo dele era bem restrito e delineado, respondi prontamente à pergunta, mostrando os últimos resultados da escola, que a situavam entre as mais bem classificadas da cidade. Ele ficou satisfeito e disse que matricularia o seu filho. Nada mais indagou.
Perguntei-lhe, então, para que série seria a matrícula, e ele respondeu: Maternal 1.
Situações como essa nos fazem perguntar quais são as expectativas dos pais em relação às escolas.
Cada família tem seus princípios e valores os quais norteiam a forma como vê o mundo e educa os filhos. A escolha da escola, portanto, deve ser orientada pelo casamento desses princípios e valores com os propostos pela escola.
Aprovação em vestibulares não constitui princípio, nem valor; quando muito, é um objetivo ou uma meta.
Enganam-se aqueles que medem a qualidade de uma escola pelos seus resultados no ENEM. Escola é muito mais do que isso.
No caso em questão, quinze anos letivos separam o “Maternal 1” do final da Educação Básica na qual, conforme a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), “competências gerais se inter-relacionam, se desdobram e se articulam na construção de conhecimentos, no desenvolvimento de habilidades e na formação de valores”.
Conhecimentos, habilidades e valores constituem, portanto, o verdadeiro núcleo das competências a serem supridas pelas escolas na formação escolar dos estudantes; cada uma norteada pela sua missão, por seus princípios, por seus valores, e, no caso das confessionais, pelo Carisma. É um grande desafio!
Aprovações em vestibulares e ENEM são consequências naturais da aplicação da escola, do estudante e da família.
Que falta fazem as escolas e os professores na vida das crianças e dos adolescentes! A percepção dessa falta foi e está sendo sentida pelas famílias durante a pandemia do coronavírus que nos aflige neste momento histórico. É na falta que se valoriza o que não se tem, mesmo que temporariamente.
Escola é caminhada. Escola é vida. Nela, pulsam corações, vibram mentes, transbordam emoções, constroem-se conhecimentos e saberes, numa travessia cheia de energias positivas, propositivas e prometedoras.
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Artigo publicado em 08/05/2018 no jornal “O Popular” de Goiânia e atualizado no blogue em 15/06/21.
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Roberto Gameiro é Palestrante, Consultor e Mentor
na área de “Gestão de escolas de Educação Básica”. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br.
Ótima reflexão! Precisamos desconstruir que escola boa e a que está no ranking dos vestibulares.
ResponderExcluirConcordo plenamente.
ResponderExcluirExcelente, Professor Roberto!
ResponderExcluirA vida não se resume ao Enem. A vida é a apropriação de valores e a cinstconst da identidade. Parabéns.
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