Roberto Gameiro
Após esse atentado contra um
candidato à presidência do Brasil, ocorrido no dia 06 de setembro de 2018, fico
me perguntando, e isso me angustia, como ficam as cabecinhas das crianças,
nossos filhos e alunos, diante dessa barbárie.
Nos últimos anos, as nossas crianças
têm se afastado gradativamente mais e mais dos contos de fadas e das fábulas
que povoavam o imaginário infantil até então. Da mesma forma, as brincadeiras
de antigamente têm sido substituídas pelo sedentarismo e atração representados
pelos computadores e smartphones.
A Academia Americana de Pediatria,
recentemente, recomendou aos médicos que indiquem às crianças brincadeiras
livres e espontâneas, especialmente ao ar livre. Uma revista de grande
circulação acaba de publicar uma reportagem sob o título “Brincar é o melhor
remédio”, com abordagens muito significativas.
Essa é, também, a preocupação dos
educadores da Educação Infantil, que se esmeram em trazer as crianças para
hábitos saudáveis de relacionamentos interpessoais, priorizando o lúdico como
base para a aquisição das competências inerentes àquelas faixas etárias.
Ocorre que aqueles mesmos instrumentos
que encantam as crianças e os adolescentes no sentido contrário ao desejo de
pais e educadores trazem, também, as notícias desse mundo violento em que vivemos,
especialmente no Brasil, além de exibir
jogos participativos de perseguições e mortes. E os pais nem sempre conseguem
perceber e evitar essa prática dos filhos. Nem os professores.
As crianças, como nós, adultos, estão
vendo as cenas do atentado pelas telinhas dos celulares e pelos telejornais.
E, aí está o ponto-chave: acostumados
a ver violência nos jogos eletrônicos, pode ser que não se espantem com a
violência do atentado, pois o fato se aproxima dos enredos aos quais estão
habituados.
O que assusta é que se observa uma
espécie de anestesia tomando conta dos cidadãos, adultos, que já não se aperreiam
diante dos atos de violência que acontecem diariamente no nosso país.
Entretanto, precisamos preservar as
crianças e os adolescentes, sem, no entanto, aliená-los da vida em sociedade.
Esse equilíbrio não é fácil de ser feito.
É momento de muito diálogo com os
filhos e alunos. E de reflexão acerca da forma como os estamos educando.
Pelo menos, um fato teve mérito ao
longo do episódio. Não houve linchamento do agressor em meio ao público, o que
revela bom senso, ou atuação rápida das autoridades presentes no local. Espero
que tenha sido o discernimento das pessoas, que não se deixaram levar para a
barbárie.
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Roberto Gameiro é Palestrante, Consultor e Mentor nas áreas de “Gestão de escolas de Educação Básica” e “Educação de crianças e adolescentes”. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br.
Roberto, você foi muito assertivo em sua reflexão sobre a exposição de nossas crianças e jovens à uma cultura da violência. Seja ela na TV ou na vida real. Portanto, família e escola devem de forma harmônica trabalharem em conjunto para apresentar uma cosmovisão cristã de mundo. O que se faz com livros e ambiente de acolhida. Não com discursos de violência, o que gera mais violência.
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