Roberto Gameiro
Cada vez mais se torna importante o diálogo em família, entre pais e filhos, para que estes cresçam não apenas em estatura, mas, também, em sabedoria.
Cada vez mais se torna importante o diálogo em família, entre pais e filhos, para que estes cresçam não apenas em estatura, mas, também, em sabedoria.
A palavra “sabedoria” tem diversas acepções indicadas nos dicionários. Entre elas, estão as de “grande conhecimento” e “erudição”; e, também, as de “esperteza”, “astúcia”, “manha”; não são essas as que pretendo no enfoque deste texto.
Aqui, me valho das acepções: “prudência”, “moderação”, “temperança”, “sensatez”, “reflexão”. Vejam quanta riqueza contida numa só palavra: “sabedoria”. E, também, quantas pistas para a condução das nossas conversas, das nossas posturas, das nossas ações com os filhos. Há uma relação intrínseca entre essas cinco palavras. Para definir uma, usam-se, por vezes, uma ou mais das outras; ou seja, uma é inerente à outra. No entanto, percebe-se claramente que há distinções objetivas entre elas, cada uma refletindo uma característica peculiar de uma formação sólida, de uma personalidade forte, de um caráter moralmente idôneo.
Caráter, personalidade, moral, ética, entre outras expressões, formam e definem um todo sistêmico que constitui o arcabouço para uma formação sadia, forte, resiliente e, em outras palavras, inteligente e virtuosa.
Esse arcabouço se constrói paulatinamente durante o processo de formação da criança, do jovem, e, não tenhamos dúvidas, do adulto também. Vivemos nos construindo e nos reconstruindo. Ainda bem que é assim. Isso nos permite renovar, enfrentar novos desafios, procurar novas oportunidades, enfim, viver plenamente!
Essa construção, essa reconstrução, são, então, permanentes. No caso das crianças e dos jovens, eles dependem, para isso, dos adultos com quem convivem em casa, na escola, no clube, no condomínio, ou seja, dos pais, dos demais familiares, dos professores, assim como dos amigos…
Epa! Chegamos num ponto importante: os amigos…. E as perguntas são inevitáveis. Quem são os amigos dos nossos filhos? Nós os conhecemos? Quem são seus pais? Nós os conhecemos? Qual o tipo de influência que esses amigos têm em relação aos nossos filhos? São perguntas para as quais precisamos ter respostas positivas. São respostas que se obtêm através da proximidade e do diálogo; principalmente do diálogo constante.
Adote seu filho antes que um traficante o faça. Todos conhecemos essa frase. É assustador imaginar que o nosso filho, a nossa filha, possam estar sob a influência de um traficante. Entretanto, isso é algo possível nos dias de hoje, tal a organização desses cartéis que se espalham pelo mundo e pelo país afora.
O exemplo de vida é, sem dúvida, um meio eficaz para inspirar pessoas. Muitas vezes, nós pais acreditamos que só o nosso exemplo de vida basta para que, como que por osmose, os nossos filhos se contagiem e sigam uma vida correta e digna; e isso, infelizmente, se dá cada vez menos devido à vida agitada, apressada, por vezes conturbada que a sociedade atual nos oferece e exige, dificultando a regularidade nas relações familiares; muitas vezes, portanto, o exemplo apenas não basta.
A “presença” é um valor importantíssimo para a boa formação das crianças e dos jovens. Não se trata, entretanto, de qualquer “presença”. Trata-se de uma presença que estabelece uma relação de confiança e transparência, que pratica a escuta ativa, que estimula a comunicação e as dimensões do cuidado e da ternura, enfim, que fortalece vínculos e é marcada por uma aproximação atenta e acolhedora.
Não é fácil criar filhos hoje. Nunca foi. As dificuldades atuais é que são diferentes das dos nossos pais. A cada tempo, houve os problemas inerentes à época. Acrescentem-se, agora, as redes sociais no campo das relações, com seus pontos positivos e negativos, as drogas lícitas e as ilícitas que grassam entre os jovens sem distinção de classe social, sexo, cor, religião. Cremos, com frequência, que os problemas do álcool e da droga só acontecem com os outros; nunca com os nossos filhos. Até que (….) acontece.
A família é o porto seguro que lastreia todas as nossas posturas e ações. Daí, reforço, a importância do diálogo constante dentro da família para que as crianças e os jovens se sintam fortalecidos para enfrentar os desafios que a vida inevitavelmente lhes trará. Façamos com que eles estejam preparados para dizer “sim” ao que é saudável e corretamente ético, e “não” àquilo que não agrega valor à vida, que denigre, que desestrutura.
Por isso, e por muito mais, a necessidade da parceria da família com a escola; esta, procura fazer a sua parte. Confiem na sua escola. Confiem nos educadores que trabalham diariamente com seus filhos.
Procurem sempre conversar com os educadores; não apenas quando são chamados. Os meninos e as meninas adoram perceber que seus pais têm e demonstram ter interesse pelo seu aproveitamento escolar e pelos seus relacionamentos (embora nem sempre explicitem isso).
É nosso desejo que esses nossos tesouros cresçam não apenas em estatura, mas, também, e principalmente, em sabedoria, caracterizada pela prudência, pela moderação, pela temperança, pela sensatez e pela reflexão.
Artigo editado e publicado no jornal “O Popular” de Goiânia em 26/09/15.
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Roberto Gameiro é Palestrante, Consultor e Mentor
nas áreas de “Gestão de escolas de Educação Básica” e “Educação de crianças e
adolescentes”. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br.
Precisamos nos lembrar todos os dias de que os que estão à nossa volta necessitam de nossa escuta, acolhida, do nosso sorriso e até mesmo do nosso não. O cuidado constante são com tantas vozes sedutoras que os assediam sem que tomemos conhecimento.Parabéns pelo texto Roberto. Como sempre nos traz reflexão com leveza.
ResponderExcluirExcelente artigo!
ResponderExcluirSe eu estivesse trabalhando com certeza
seus artigos seriam fontes de reflexões nas reuniões com pais, professores e alunos nas sessões coletivas. Com sua autorização, claro.