Roberto Gameiro
Às vezes, nós, pais e mães,
ficamos pensando sobre como está o nosso relacionamento com os filhos. E nos
perguntamos se estamos falando “nãos” demais para eles. Isso pode nos trazer
uma espécie de sentimento de culpa por estarmos, talvez, tirando deles a
liberdade que merecem ter.
Podemos, então, refletir a
respeito do “merecer ter” e do
“poder ter”.
O Papa Francisco, há alguns anos, assim se referiu às inúmeras formas de injustiça e violência que
acontecem no mundo: “Como é possível que perdure a prepotência do homem sobre o
homem? Que a arrogância do mais forte continue a humilhar o mais fraco,
relegando-o às margens mais esquálidas do nosso mundo? Até quando a maldade
humana semeará violência e ódio na terra, causando vítimas inocentes? Como pode
ser ‘tempo da plenitude’ quando, diante dos nossos olhos, multidões de homens ,
mulheres e crianças fogem da guerra, da fome, da perseguição, dispostos a
arriscar a vida para que sejam respeitados os seus direitos fundamentais?”.
Há os que dizem que o mundo não
está nem mais nem menos violento do que sempre foi; que a diferença é que hoje,
com o avanço tecnológico dos diversos meios de comunicação, ficamos sabendo
imediatamente de tudo o que acontece no bairro, na cidade, no estado e no
mundo.
As próprias pessoas ditas “do bem”
veem-se enredadas em intrigas através das redes sociais que, muitas vezes, não
têm limites de urbanidade e respeito. Pior: repassam informações possivelmente
inverídicas, sem tomar o cuidado de buscar evidências de que aquilo seja verdade.
Sob o meu olhar, nunca se teve
tanta facilidade e multiplicidade de meios de comunicação; nunca se usou a
comunicação tão mal.
Entretanto, como já escrevi num
outro artigo, no mundo há mais gente do bem do que do mal. Há, portanto,
esperança.
Aqui, já se torna possível voltar
ao questionamento proposto no primeiro parágrafo acima: estamos falando muitos “nãos”
aos nossos filhos?
Nós pais temos naturalmente uma
postura de proteção em relação à nossa prole. Essa postura nos leva à
preocupação constante com o bem-estar deles. Entretanto, as maternidades não
entregam os bebês às mães com um “manual” sobre como educar. Ainda bem que não
o fazem. Cada filho é um. Eu tenho três; todos são “gente do bem”; mas nenhum é
igual ao outro.
Quanto a dizer “sim” ou “não”,
julgo ser muito importante a harmonia do casal; até porque, as crianças e os
jovens, espertos como geralmente são, sabem exatamente a quem pedir cada coisa;
eles sabem quem vai dizer “sim” e quem vai dizer “não”, pai ou mãe, de acordo
com o tema do pedido.
Numa época como esta, em que vivemos,
é conveniente darmos para os nossos filhos não simplesmente aquilo que merecem ter,
segundo o nosso ponto de vista, mas aquilo que eles podem ter segundo a
realidade que nos cerca, preservando a segurança deles e evitando, por óbvio, o
materialismo e o consumismo exagerados.
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Artigo editado e publicado no jornal "O Popular" de Goiânia em 30/08/16, sob o título "Quando dizer "não" aos filhos", e atualizada em 24/06/20.
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Roberto Gameiro é Palestrante, Consultor e Mentor
nas áreas de “Gestão de escolas de Educação Básica” e “Educação de crianças e
adolescentes”. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br.
Parabéns Roberto pelo texto perfeito! Sim é Não delimitam um caminho por onde andar. São os limites, tão necessário e tão pouco compreendidos e utilizados corretamente.
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