Roberto Gameiro
René Descartes (1596-1650), filósofo e matemático francês, na sua metodologia da dúvida, apresentou alguns preceitos norteadores, dentre os quais destaco o primeiro, na forma como ele escreveu no seu “Discurso sobre o Método” de 1637: “...jamais aceitar como exata coisa alguma que eu não conhecesse à evidência como tal, quer dizer, em evitar, cuidadosamente, a precipitação, incluindo apenas nos meus juízos aquilo que se mostrasse de modo tão claro e distinto à minha mente que não subsistisse razão alguma de dúvida.”.
Quase quatro séculos nos separam desse sábio registro de Descartes, que, atualizado, nos coloca a necessidade de se ter evidências da veracidade de uma notícia/mensagem antes de aceitá-la como fato real e, de forma precipitada e sem qualquer precaução, passá-la adiante, compartilhando-a.
São tantas as mentiras disfarçadas de verdades que circulam pelas redes sociais, e compartilhadas, que fazem com que a dúvida se instale em nossas mentes como forma de autoproteção. Essa situação tem levado os responsáveis pelos aplicativos das redes sociais a implementar inovações no sentido de minimizar os danos que essa prática traz para diversos segmentos da sociedade. O aplicativo WhatsApp, do Facebook, por exemplo, recentemente, acrescentou a informação “encaminhada” junto das mensagens compartilhadas.
De acordo com resultado de levantamento realizado entre 18 e 22 de outubro de 2018, por importante instituto de pesquisas, 90% dos usuários de internet do Brasil afirmam já ter recebido notícias falsas; destes, 76% tinham conteúdo com informações enganosas e falsas, 57% eram notícias antigas utilizadas como se fossem recentes, e 37% eram 100% falsas.
Nesse contexto, crescem em importância os jornais, as revistas e os sites acreditados junto à opinião pública por serem cuidadosos na divulgação de notícias.
Esse não é um fenômeno exclusivo do nosso país. Acontece também alhures. É uma situação que desafia a todos nós que elegemos a verdade como parâmetro de vida. E nos causa estupefação e indignação. E não adianta gritar por socorro.
A solução, ou talvez a minimização disso, está em cada um de nós sermos agentes atuantes na busca da mudança, fazendo diligentemente a nossa parte e tendo presença significativa na formação das crianças e adolescentes, nossos filhos e alunos, acompanhando suas performances nas redes sociais, procurando conduzi-los para o bem e para a verdade como sentidos de vida.
Artigo publicado no jornal "O Popular" de Goiânia em 11/12/18 sob o título "A verdade como parâmetro".
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Roberto Gameiro é Palestrante, Consultor e Mentor
nas áreas de “Gestão de escolas de Educação Básica” e “Educação de crianças e
adolescentes”. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br.
"Justiça" foi o verbete mais procurado no Merriam-Webster, um dos dicionários de inglês mais populares do mundo, que a definiu como a "Palavra do ano" de 2018.Outras fontes citaram expressão fake news. As duas intenções por trás dessas palavras se entrelaçam,haja vista que, a fake news vem carregada de injustiça. A mentira é um dos pecados descritos nas escrituras que nos impedirá de herdar o reino dos céus. Isso expõe a característica nociva da mentira não apenas para o outro, mas para nós próprios. Uma pesquisa realizada por um hospital em Baltimore, Maryland, Estados Unidos na década passada revela que a prática da mentira pode ser um desencadeado da doença de Alzheimer. Um mundo cada vez menos real e mais imaginário. Quem diria que o que nos distingue em racionalidade como ser humano, o intelecto, seria o que nos pregaria uma peça nos afastando de nós mesmos? Parabéns pela reflexão do texto numa época tão oportuna.
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