Roberto Gameiro
Você já percebeu que as crianças e adolescentes, nossos filhos e alunos,
nos desafiam o tempo todo a sair de uma pretensa e possível zona de conforto na
qual estávamos acomodados e seguros?
Você, pai ou mãe, percebeu que o nascimento do primeiro filho delineia
um antes e um depois familiar e pessoal, e que muitos dos nossos planos têm
início após essa data, tendo como referência e parâmetro a vida daquele “serzinho”
amado com que fomos premiados?
Fernando Teixeira de Andrade (1946-2008) escreveu certa vez: “Há um
tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso
corpo, e esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É
o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre,
à margem de nós mesmos.”. (*)
Toda travessia supõe uma posição de saída e outra de chegada,
intermediadas por múltiplas posições durante o percurso.
A vida é uma constante travessia; fazemo-la às vezes sozinhos e na
maioria das vezes, felizmente, acompanhados.
A família é a melhor acompanhante para a travessia. Ela nos traz a
segurança de um porto seguro ao qual sempre podemos voltar, nem que seja apenas
para recarregar as forças numa posição de percurso.
Os pais, os irmãos, a esposa, o marido, os filhos, os amigos mais chegados constituem,
conosco, a “tripulação” dessa “nave” que conduzimos e que conduz os nossos
destinos, o nosso sentido de vida.
Entretanto, muitos homens e mulheres modernos, apesar de tantos meios de
comunicação disponíveis, ainda vivem solitários mesmo que acompanhados. E
procuram incansavelmente algo que os complete.
O mesmo Fernando Teixeira de Andrade nos socorre com a afirmação:
“Enquanto não atravessarmos a dor da nossa própria solidão, continuaremos a nos
buscar em outras metades. Para viver a dois, antes, é necessário ser um.”.
Lembremo-nos da afirmação que se atribui a Confúcio: “Você tem duas
vidas. A segunda começa quando você percebe que só tem uma.”.
Não fique à margem da sua própria existência. Não seja coadjuvante de si
mesmo. Seja protagonista da sua travessia.
(*) ANDRADE, Fernando Teixeira [O medo: o maior gigante da alma. s/e, s/d. ]
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Artigo editado e publicado no jornal "O Popular" de Goiânia em 07/05/19.
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Roberto Gameiro é Palestrante, Consultor e Mentor nas
áreas de “Gestão de escolas de Educação Básica” e “Educação de crianças e
adolescentes”. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br.
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Parabéns Roberto! Texto muito interessante.
ResponderExcluirVerdade! A vida é cheia de travessias...
ResponderExcluirA Vida é isso mesmo! Também uma oportunidade de se fazer melhor todos os dias, contribuir com o mundo e deixar boas memórias.
ResponderExcluirEu acho essa frase de Fernando Teixeira maravilhosa. Alguém saberia qual livro ela se encontra. Eu gostaria de deixá-la na bibliografia do meu tcc.
ResponderExcluirPrezada, ou prezado, veja em ANDRADE, Fernando Teixeira
Excluir[O medo: o maior gigante da alma. s/e, s/d. ]
Essa frase, às vezes, é atribuída erroneamente a Fernando Pessoa.
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