Roberto Gameiro
Commodities são produtos de origem primária, de qualidade e características uniformes, que não são diferenciados de acordo com quem os produziu. São produtos no seu estado natural, ainda isentos de processamento industrial, ou seja, que não foram modificados, mas têm alto potencial para a modificação, aperfeiçoamento e produção industrial e de alta tecnologia. Sete commodities (soja, óleos de petróleo, minério de ferro, carnes, celulose, açúcar e café) constituem 50% das exportações brasileiras. O Brasil é, portanto, um grande exportador de commodities nas áreas agrícola, mineral e ambiental.
Na área dos esportes, acontece atualmente um fenômeno parecido. O País, que foi um celeiro de grandes craques do futebol, reconhecidos como protagonistas em seus clubes e seleções, de um tempo para cá, tornou-se um exportador de atletas recém-formados e ainda carentes de aperfeiçoamento, mas com muito potencial para tal. Por mais esdrúxula que possa parecer a comparação, pode-se dizer que esses atletas são verdadeiros commodities. E isso não acontece apenas no futebol; vejam os casos de bons atletas de diversas modalidades que optam por ser treinados no exterior.
E o que dizer da área científica? Quantos talentos, quantos projetos substancialmente importantes para a pesquisa e o conhecimento científico estão morrendo no nascedouro por falta de uma Política de Estado ampla, perene, consistente e bem planejada de financiamento? Não é de hoje que o Brasil tem exportado “diamantes brutos” nessa área, que optam por procurar reconhecimento e apoio no exterior (e muitos conseguem) para desenvolver seus planos e projetos de pesquisa na área das ciências, inclusive publicando-os em revistas especializadas e creditadas. Há, entretanto, uma boa notícia: revista de renome nacional publicou reportagem em março deste ano na qual informa: “Em sua quinta edição, lançada no fim do ano, a lista Highly Cited Researches (pesquisadores altamente citados) destaca 6.078 pesquisadores, em um universo estimado de 9 milhões de cientistas espalhados pelo mundo. (...) Atuam no Brasil 12 dos autores mais citados do mundo. São 11 brasileiros e uma portuguesa (casada com um brasileiro – a observação é minha). Trata-se de uma parcela ínfima do cenário mundial, o equivalente a 0,19%. Ainda assim, em anos anteriores, o elenco nacional era menor. Eram 3 ou 4 nomes. (...) De qualquer forma, o país ocupa a 32ª posição entre 60 nações.”. (acessado em 07/07/2019 em https//valor.com.br/cultura/6186949/brasil-sobe-no-ranking-mundial-da-ciencia).
Espera-se que tenhamos mais boas notícias nos diversos segmentos da sociedade ao longo dos próximos anos e que possamos, de forma sistêmica e organizada, mudar os desígnios do nosso país varonil, para aproveitarmos melhor as nossas possibilidades, as nossas potencialidades.
E isso se fará com fortes investimentos na Educação, especialmente na Educação Básica, que constitui, como o próprio nome diz, a base para a continuidade de uma boa formação nos níveis superiores de graduação e pós-graduação, de investigação, de extensão e de domínio e cultivo do saber.
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Artigo editado e publicado no jornal "O Popular" de Goiânia em 13/07/19 sob o título "Ciência e commodities".
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Artigo editado e publicado no jornal "O Popular" de Goiânia em 13/07/19 sob o título "Ciência e commodities".
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Roberto Gameiro é Palestrante, Consultor e Mentor nas
áreas de “Gestão de escolas de Educação Básica” e “Educação de crianças e
adolescentes”. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br.
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Interessante escrever sobre a fulga de cérebros nesse momento que para mim é tão peculiar. Artur, meu filho , teve um paper sobre o MIT publicado por Stanford e premiado como o melhor paper do ano. O jantar para receber o prêmio será na Cidade do Cabo. A oportunidade de entrar e fazer uma carreira na USP foi excelente. O maior legado que deveríamos deixar aos filhos: Educação!
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