Roberto Gameiro
Está lá no texto constitucional e, por isso, não é questionável: “Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores.”. (art. 229)
Está, também, no texto do Estatuto da Criança e do Adolescente: “Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores.”. (art. 22 – Lei 8069/90)
E, ainda, no texto do Código Civil: “São deveres de ambos os cônjuges: (...) IV - sustento, guarda e educação dos filhos.”. (Inciso IV do artigo 1566 - Lei 10.406/02)
Ora, ora, se está tão claro nesses textos legais, por que cargas-d’água alguns pais não cumprem o dever de educar os filhos?
E mais: por que muitos filhos se negam a obedecer aos pais?
Claro que a análise desta temática não se esgota num texto limitado como este; daria um tratado com muitas cláusulas, parágrafos, incisos e alíneas...
A obrigação de os pais educarem seus filhos e de os filhos serem educados por seus pais, é uma condição lógica inerente à formação humana. A Lei apenas regula essa necessidade. Mesmo que não houvesse as leis, deveria ser assim. E, aliás, sempre foi; com exageros e excessos aqui e ali, é assim que se espera que ocorra o processo de educação das crianças e adolescentes.
Quando os filhos não obedecem aos pais, é possível que estejam faltando limites. A falta de limites tem diversas causas. Entre muitas outras, uma delas é a falta de um elenco definido de valores nos quais a família se apoia para orientar suas posturas e ações; outra, quando os pais são separados e um dos cônjuges é o “bonzinho” e o outro, geralmente o que tem a guarda, é o que tenta colocar regras de conduta, entre as quais há, invariavelmente, por necessidade óbvia, a palavra “não”; outra possibilidade é o receio de, ao colocar limites, "frustrar" a criança ou o adolescente, trazendo “traumas” para sua formação. E quem não obedece aos pais, será um candidato potencial a não obedecer aos professores. E o ciclo continua...
Essas situações criam um vazio que para ser preenchido apresenta-se em extremos: educação severíssima no passado e liberdade quase total no presente.
Por outro lado, como já dizia Paulo Freire, “a educação é um ato eminentemente político.”.
A sociedade está sujeita a mudanças nos seus hábitos e costumes e, conforme a ideologia dominante, acaba tendendo para um lado e para outro, ou para lado nenhum, ficando apenas derrapando nas certezas ou incertezas das forças políticas dominantes, o que “tira o chão” de pais e educadores, alguns dos quais já não sabem se os valores reinantes ainda valem, ou se mudou tudo. De qualquer forma, famílias e escolas que têm princípios e valores claros, bem definidos, enfrentam com mais facilidade essas “intempéries”.
Ainda Paulo Freire: “A educação é um ato de amor e, por isso, um ato de coragem.”.
Com efeito: amor e coragem devem nortear as relações entre pais e filhos, crianças, adolescentes e professores. O amor exige autenticidade. A autenticidade faz fluir o incentivo à transparência nas relações, o que leva à coragem de abordar as questões mais melindrosas, suportada pela confiança decorrente dessa postura.
Lembremo-nos, então, do texto bíblico em Provérbios 22,6: “Ensina à criança o caminho que ela deve seguir; mesmo quando envelhecer, dele não se há de afastar.”.
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Artigo publicado no jornal "O Popular" de Goiânia em 06/08/19, sob o título "Educar e ser educado".
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Roberto Gameiro é Palestrante, Consultor e Mentor nas
áreas de “Gestão de escolas de Educação Básica” e “Educação de crianças e
adolescentes”. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br.
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Muito pertinente!!!👏👏👏👏👏
ResponderExcluirMuito significativo!!!👏👏👏
ResponderExcluirTrazer a questão da Educação dos filhos pela família é tão pertinente nesse momento em que país e filhos convivem quase todo o tempo dentro de casa. Percebo como educadora que muitos desses pais não sabem educar e dar limites aos seus filhos. Estão criando pequenos ditadores e conforme bem colocado no texto, crianças emocionalmente comprometidas. Parabéns pela reflexão Roberto!
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