O TEXTO NO CONTEXTO COMO PRETEXTO - Para debates em família e na escola - Roberto Gameiro

domingo, 19 de janeiro de 2020

CRIANÇAS SEM LIMITES

Mãos, Proteger, Proteção, Pai, Família















Roberto Gameiro

Se os pais não colocarem limites nos filhos, quem vai fazê-lo? A Fonoaudióloga, a Pediatra, a Psicóloga, a Neurologista? Limites quem coloca são o pai e a mãe. É responsabilidade intransferível deles, junto da colocação de valores morais e éticos. A uma mãe, a um pai, deveria bastar um olhar, firme, sério, para fazer com que um filho, uma filha, se porte adequadamente em qualquer lugar: em casa, no clube, no shopping, no condomínio. Aos meus filhos, quando crianças e adolescentes, bastava um olhar da mãe, que eles chamavam de “olhar 43”, e pronto; tudo sob controle. 


Salvo casos comprovados de alguma patologia, que deverá ser acompanhada pelos profissionais citados, e outros, a verdade é que as crianças estão “deitando e rolando” sobre pais assustados que não sabem o que fazer para colocar limites nos filhos. E evitam tomar atitudes mais firmes para “não os traumatizar”. E procuram os consultórios na esperança de um “remedinho” que os faça acalmar.

Há crianças que ainda em tenra idade batem nos pais. Alguns acham isso até engraçado, e riem da atitude peralta da criança. Se isso não for coibido logo, essas crianças "peraltas e engraçadinhas”, quando adolescentes, vão continuar batendo, inclusive nos irmãos e nos amigos.  O ditado “é de pequenino que se torce o pepino”, desculpem a comparação, vale para essas situações. 

Não tem essa de chamar o filho de “amigo”, “amigão”. Filho é filho e não “amigão”. Pai e mãe não são amiguinhos dos filhos. São pai e mãe, e como tal precisam ser vistos e respeitados pela sua prole. Claro que o amor parental contém os atributos do afeto, da amizade, da ternura, componentes indissociáveis, mas sem que se abdique da autoridade inerente. Chamar os filhos dessa forma cheira a fuga da atribuição de colocar limites; “afinal, amigo é amigo”, nada mais.

Sempre é bom lembrar, entretanto, o que reza o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): “Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis (...)”.

O movimento “Amor Exigente” tem uma frase bem apropriada: “meu filho, eu amo muito você, mas não posso concordar com o que você está fazendo”. Pena que alguns pais resolvam demonstrar o amor que têm pelos filhos colocando-se contra a escola quando esta toma alguma atitude mais firme em função de indisciplina e desrespeito. Educação se traz de casa; a escola é parceira no aprendizado e no reforço da educação que vem de casa.

Ora, se os pais não assumirem a responsabilidade por colocar limites nos filhos, quem fará isso no futuro: a polícia?


Publicado originalmente em 03/08/18.


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Roberto Gameiro é Palestrante, Consultor e Mentor na área de “Gestão de escolas de Educação Básica”. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br


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7 comentários:

  1. Parabéns pela abordagem do tema. Crianças sem limites serão adultos imaturos e sem domínio próprio. Qualquer frustração na vida poderá desestabiliza -los. Muito bem colocado.

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  2. Infelizmente hoje os pais se deixaram virar reféns dos filhos,muitos preferem abrir mão da educação da criança para não t ter que encarar de frente os problemas e as correções dos filhos muitos por não estarem preparados para serem pais e até mesmo pela cobrança da sociedade que acha um escândalo o filho ser repreendido em público por algo errado que fez.infelizmemte hoje claro que não todos mas a sociedade em geral coloca em segundo plano valores éticos e morais e coloca o errado e a má formação do cidadão como normal.

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  3. Infelizmente hoje os pais se tornaram reféns dos próprios filhos.Os pais de hoje querem dar aos filhos uma liberdade que acham que não tiveram e se dizem amigos deles o que é errado,pois primeiro ele tem que ser pai e depois amigo
    Á falta de limite para mim é simplesmente uma maneira dos pais fugirem a sua responsabilidade de educar e preparar os filhos para vida.Infelizmente no meu modo de ver os pais parecem ter medo de repreender os filhos e serem questionados pela sociedade e isto é um grande erro pois no cenário atual a sociedade está falida no que diz respeito e valores morais e até humanos que estão ficando em segundo plano.

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  4. Excelente texto. Colocação perfeita da responsabilidade dos pais.

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  5. Excelente colocação sobre o tema e o maior desafio que temos nas escolas é a indisciplina!

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