O TEXTO NO CONTEXTO COMO PRETEXTO - Para debates em família e na escola - Roberto Gameiro

domingo, 24 de maio de 2020

CONSCIENTIZAÇÃO E COMPAIXÃO BASTAM?

Pergunta, Problema, Acho Que, Pensamento

Roberto Gameiro

Noutro dia, uma amiga virtual, a quem eu respeito e  admiro muito o seu trabalho, pediu a minha opinião através do WhatsApp, a respeito da seguinte questão: “Será que podemos concluir que os jovens estão cada vez mais individualistas e alienados com os problemas individuais, familiares e sociais, ou o tempo que gastam na Internet inclui consciência social e demais problemas que os envolvem?”. 

A proposição da amiga, acredito, surgiu após a leitura do meu artigo “Os jovens e a individualidade”, publicado no meu blogue em 19/04/20; você poderá ter acesso direto a ele, clicando em (Leia também) ao final deste texto.

Muito oportuna a pergunta sobre consciência social e problemas que envolvem os jovens, porque vivemos uma época que está a colocar dúvidas quanto a alguns conceitos que tínhamos a respeito do bom e do mau uso da Internet e seus subprodutos. 

Aqui está um questionamento, prezada leitora, prezado leitor, que pode ser objeto de muita reflexão da sua parte, com grau de abertura para inúmeras abordagens, numa diversidade que poderia eventualmente elevá-lo à categoria de pergunta-chave para a proposição de hipóteses em Dissertações e Teses. 

Por isso, delimito aqui a minha abordagem enfocando a palavra “consciência” e, consequentemente, a “conscientização”. Você notará que este artigo não esgotará o contido na questão, mas peço a sua compreensão devido à limitação de espaço neste tipo de texto. 

Para isso, valho-me da metodologia “ver, pensar e agir” em relação a uma situação, a um fato.  A taxionomia de Bloom pode também ajudar na pontuação das fases. 

Nessa sequência, o “ver” poderia ser o “tomar conhecimento de”, inteirar-se acerca de” como primeiro e importante passo na elaboração de uma possível reflexão em relação à situação, ao fato; até porque não se pode pensar a respeito de algo, sem conhecê-lo a contento. 

Conhecido o objeto, segue-se o “pensar”, ou seja, o momento de abstração em que se procura chegar a uma compreensão do analisado. É a hora da reflexão que pode levar à conscientização. Essa conscientização do problema ou fato deveria levar à busca de ações que pudessem resolver ou pelo menos minimizá-lo. Entretanto, ouvimos falar muito de “conscientização dos jovens” como momento final de projetos; para-se na conscientização como objetivo final.

Não basta, portanto, levar os jovens seja presencialmente ou através da Internet, apenas à conscientização a respeito de uma situação-problema se o mesmo projeto não contiver propostas de ações sobre ele, o que seria o “Agir” da proposta metodológica, ou seja, a aplicação do que foi conhecido, compreendido e conscientizado. 

Neste ponto, é oportuno lembrar que a “Taxionomia de Objetivos Educacionais”, de Benjamin Bloom e outros, propõe capacidades cumulativas, quais sejam: conhecimento, compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação. Aqui, ficamos apenas com as três primeiras que, no texto acima, apresentam-se em negrito. 

Por analogia, podemos também nos ater à palavra “compaixão” como decorrência de um processo de conscientização. Daniel Goleman, autor do best seller “Inteligência Emocional”, caracteriza-a (a inteligência emocional) como a capacidade que um indivíduo tem de identificar os seus próprios sentimentos e os dos outros, de se motivar e de gerir bem as emoções internas e nos relacionamentos. E escreveu que “A verdadeira compaixão não significa apenas sentir a dor de outra pessoa, mas estar motivado a eliminá-la”. 

Dalai Lama escreveu a respeito: “A verdadeira compaixão não consiste em sofrer pelo outro. Se ajudamos uma pessoa que sofre e nos deixamos invadir por seu sofrimento, é que somos ineficazes e estamos somente reforçando nosso ego.”.

O texto bíblico também nos ajuda: "Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a língua, mas por atos e em verdade."  I João, 3, 18

Muito a pensar, refletir e conversar com nossos filhos e alunos.

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Roberto Gameiro é Palestrante, Consultor e Mentor nas áreas de “Gestão de escolas de Educação Básica” e “Educação de crianças e adolescentes”. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br

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