Roberto Gameiro
Edgar Morin, sociólogo e filósofo francês escreveu que "O amor é poesia. Um amor nascente inunda o mundo de poesia; um amor duradouro irriga de poesia a vida cotidiana; o fim do amor devolve-nos a prosa.".
Noutro dia, encontrei na Internet um texto de autor desconhecido que, sob o meu olhar, poderia ser parte do discurso de um orador de turma numa festa de formatura.
Mensagem aos pais:
A vocês, que nos deram a vida e nos ensinaram a vivê-la com dignidade, não bastaria um obrigado. A vocês, que iluminaram os caminhos obscuros com afeto e dedicação para que os trilhássemos sem medo e cheios de esperanças, não bastaria um muito obrigado. A vocês, que se doaram inteiros e renunciaram aos seus sonhos, para que, muitas vezes, pudéssemos realizar os nossos. A vocês, pais por natureza, por opção e amor, não bastaria dizer que não temos palavras para agradecer tudo isso. Mas é o que nos acontece agora, quando procuramos arduamente uma forma verbal de exprimir uma emoção ímpar. Uma emoção que jamais será traduzida por palavras.
Amamos vocês!
Quanta verdade e quanta emoção encontra-se nesse texto.
No entanto, trata-se de um texto parecido com tantos outros que já ouvimos em cerimônias que tais.
Mas, mudando o contexto e focando no nosso dia a dia, vem a pergunta que não quer calar:
- Qual foi a última vez que você se dirigiu aos seus pais, aos seus filhos, à sua esposa, ao seu marido, dizendo que os ama?
Te amo ...
Duas palavras.
Juntas, formam apenas três sílabas.
Cinco letras que alegram e tocam fundo no coração e na mente de quem as profere e de quem as ouve.
Essa expressão pode ser usada ao exagero. Ela não se desgasta. Ao contrário, quanto mais é usada, mais ela incorpora e fortalece o seu próprio significado de unir pessoas, sentimentos, pertenças, carinho.
Ela pode ser escrita juntada a “um beijo”, ou falada frente a frente, olho no olho ... sempre.
E, sob o meu olhar (claro que você pode não concordar comigo), a resposta amorosamente assertiva, escrita ou falada, para um “Eu te amo”, deverá ser, no mínimo, um “Eu também te amo” (com todas as letras), e não um simples “Também”, ou, pior ainda, um “Tb.”, mesmo considerando que o contexto desse diálogo sugere reciprocidade de intenções.
O texto bíblico ensina: "O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.". (1 Coríntios 13,4-7)
Amor de pais, de filhos, de cônjuges; cada um tem seu jeito especial de expressar e de viver o amor que os une.
Portanto, não deixe para dizer "te amo" apenas num contexto em que já caberá inexoravelmente outra palavra - de cinco letras também...
Adeus ...
Uma palavra.
Cinco letras que choram e tocam fundo no coração e na mente de quem as profere.
Até porque, como escreveu José Saramago, “A vida é breve, mas cabe nela muito mais do que somos capazes de viver.”.
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