Roberto Gameiro
Carlos Drummond de Andrade escreveu na sua "Obra poética", de 1989, que "Ninguém é igual a ninguém. Todo ser humano é um estranho ímpar.".
Noutro dia, li que Charles Chaplin quis provar uma teoria inscrevendo-se num concurso de sósias dele mesmo.
Você já se imaginou participando de um concurso como esse?
Provavelmente, você procuraria ser o mais natural que possível, falando com a mesma entonação de sempre, assim como os gestos e a expressão facial, andando no mesmo compasso que o caracteriza, discorrendo sobre temas que fizeram-no se destacar no seu entorno.
(...)
Um concurso de sósias de mim mesmo!
Que graça.
Impossível eu não ganhar esse concurso, pois ninguém é tão igual a mim quanto eu mesmo!
Vendo as apresentações dos outros candidatos, percebo tantas falhas, tantas incoerências, tanto do que nada tem a ver comigo...
(...)
Pois bem; Chaplin ficou em terceiro lugar no concurso.
Espirituoso como era, ele deve ter rido muito ao saber desse resultado. Rindo “por dentro”.
Como escrito no início do texto, Chaplin queria provar uma teoria. E provou.
Provou o quê?
Charles Chaplin provou que se depender da opinião dos outros, você não serve nem para ser você mesmo.
Dessa afirmação, retiro a expressão “ser você mesmo”.
É de Clarice Lispector a afirmação: “Depois que aprendi a pensar por mim mesma, nunca mais pensei igual aos outros.”.
Daí, decorre o fato de que a minha cognição é só minha. Não há outra igual.
Isso, considerando a cognição, conforme o dicionário “Aurélio”, como “o conjunto dos processos mentais usados no pensamento, na percepção, na classificação e no reconhecimento”.
Por trás dos “processos mentais” indicados pelo “Aurélio, sob o meu olhar, estão as competências ou capacidades da Taxionomia de Bloom”, especialmente a “análise”, a “síntese” e a “avaliação ou julgamento”.
Mas não basta ter uma cognição avantajada se o indivíduo não tiver aprendido a usá-la, a explorá-la. Vejam que a escritora escreveu “depois que aprendi a pensar por mim mesma...”.
Pensar por si mesmo é “ser você mesmo”, é ser autêntico, é não ser “Maria vai com as outras”, é ser reflexivo.
É saber usar em seu favor e em favor da sociedade como um todo, os recursos cognitivos ou conhecimentos que conquistou, que construiu ao longo da sua formação.
Mesmo que você fique em terceiro lugar num concurso de sósias de você mesmo. Rss.
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Roberto Gameiro é Mestre em Administração com ênfase em gestão estratégica de organizações, marketing e competitividade; habilitado em Pedagogia (Administração e Supervisão); licenciado em Letras; pós-graduado (lato sensu) em Avaliação Educacional e em Design Instrucional.
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