Roberto Gameiro
Era um gestor escolar neófito mas muito responsável e dedicado às suas atribuições na escola, que tinha, de um ano para o outro, aumentado o número de alunos de uns seiscentos para quase três mil. Ele era o segundo na hierarquia administrativa do colégio. O número um era o proprietário da escola. Sabia que ainda tinha muito a aprender e a praticar no exercício da sua função.
Tinha entre 23 e 24 anos de idade. Talvez, ainda imaturo para a assunção das responsabilidades inerentes.
Mas desejava ser fiel às diretrizes da escola e procurava estar presente nos mais diversos locais do colégio, especialmente antes do início, no intervalo de “recreio” e na saída.
Um dia, antes do início das aulas noturnas, no subsolo, por onde os alunos entravam através de uma larga rampa de acesso, e onde estava a cantina, ele encontrou um aluno fumando, o que era terminantemente proibido no estabelecimento, e exaustivamente divulgado por cartazes em todos os andares.
Aproximou-se do estudante e o alertou, educadamente, da proibição do fumo no colégio.
O aluno reagiu de forma vigorosa e ofensiva, destratando-o e referindo-se à escola de forma desabonadora. Depois de muito bate-boca, o gestor, de forma impulsiva (não deveria ter feito isso), tentou pegá-lo pelo braço para encaminhá-lo para fora do colégio.
Mas o estudante foi mais rápido do que ele e saiu correndo “numa velocidade”, subiu a rampa e “se mandou”.
E ele, acreditem, saiu correndo atrás do aluno.
Ainda bem que não o alcançou. Se o tivesse alcançado, teria terminado ali a sua ainda curta carreira de educador. Ele tem a impressão de que o rapaz está correndo até hoje.
Damaris Ester Dalmas, médica psiquiatra, escreveu: “Quantas e quantas vezes agimos só pelo impulso e acabamos falando e fazendo coisas das quais nos arrependemos depois! Vamos diminuir nossa pressa! Diminuir nossa necessidade de reagir imediatamente aos fatos!”
Qualquer um de nós.
A vida não é como num programa de competição da TV, em que é feita uma pergunta e quem aciona o “sino” primeiro tem o direito de responder; até porque ainda tem a possibilidade de responder errado.
Há um dito popular que diz que “a pressa é inimiga da perfeição”.
As experiências da nossa jornada vivencial vão nos dando cacife para aprendermos com os nossos erros e com nossos acertos.
Com certeza, a impulsividade não faz parte desse concerto.
É isso.
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Roberto Gameiro é Mestre em Administração com ênfase em gestão estratégica de organizações, marketing e competitividade; habilitado em Pedagogia (Administração e Supervisão); licenciado em Letras; pós-graduado (lato sensu) em Avaliação Educacional e em Design Instrucional. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br
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