Roberto Gameiro
Carl Rogers, psicólogo, psicoterapeuta e escritor americano, desenvolvedor da ACP (abordagem centrada na pessoa), escreveu, em 1980, no seu título “Um jeito de Ser”: "As pessoas são tão belas quanto um pôr do sol quando as deixamos ser. De fato, talvez possamos apreciar um pôr do sol justamente pelo fato de não o podermos controlar. Quando olho para um pôr do sol, como fiz numa tarde destas, não me ponho a dizer: ‘Diminua um pouco o tom laranja no canto direito, ponha um pouco mais de vermelho púrpura na base e use um pouco mais de rosa naquela nuvem’. Não faço isso. Não tento controlar um pôr do sol. Olho com admiração a sua evolução. Gosto mais de mim quando consigo contemplar assim.".
O momento diário do crepúsculo vespertino, o ocaso, é um espetáculo que a natureza nos concede e que nos traz prazer e deleite, apazigua nossos corações e antecipa a beleza que será o dia seguinte.
Feliz a família que consegue, unida e presente, apreciar os pores do sol aproveitando seus matizes para emoldurar e deixar fluir emoções, afetos e gestos amorosos.
É um “deixar se levar” pelo silêncio de algo gigantesco que se nos apresenta todos os dias, com cores, luzes e movimentos que extrapolam o senso do objetivo e do subjetivo, da razão e da emoção, trazendo-nos suavemente à mente a grandeza do Criador.
Nossos filhos são como pores do sol a iluminar nossos dias, acalentando-nos, desafiando nossas percepções e ensinando-nos que nem tudo pode ser objeto do nosso controle, mas que tudo pode ser sujeito de apreciação, amor, carinho e dedicação.
Acalentando, desafiando e ensinando, num misto de convite à perseverança e à resiliência. Com eles, sentimo-nos mais fortes para enfrentar as possíveis agruras do dia a dia.
Todos nós temos naturalmente aquele estímulo interior que nos serve de motivação para enfrentar os obstáculos que a vida nos traz. Mas, quando temos filhos, essa força interior se potencializa de tal forma que somos capazes de nos superar continuamente encontrando e vivenciando competências e habilidades ativadas não se sabe de onde nem o porquê.
Nossos filhos vivem em nossas mentes e em nossos corações, alimentam-nos de esperanças, enchem de cores a nossa existência, mas sabemos que, como seres humanos, são dotados do livre-arbítrio, dom atribuído pelo Criador, que os torna singulares e fadados à autonomia.
Essa singularidade e essa autonomia revelam-se na medida em que eles, através de um processo de educação baseado em princípios e valores saudáveis, sejam capazes de construir conhecimentos que lhes permitam movimentar-se pelas inúmeras possibilidades de fazeres que a vida lhes proporcionará.
Como escreveu Barry Stevens, escritora e terapeuta americana, que também trabalhou com Carl Rogers:
“Não apresse o rio; ele corre sozinho”.
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Artigo publicado no jornal "O Popular" de Goiânia em 12/02/19.
Publicado originalmente neste blogue em 18/02/2019.
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Roberto Gameiro é Mestre em Administração com ênfase em gestão estratégica de organizações, marketing e competitividade; habilitado em Pedagogia (Administração e Supervisão); licenciado em Letras; pós-graduado (lato sensu) em Avaliação Educacional e em Design Instrucional. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br
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Excelente reflexão Roberto!!!
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