Roberto Gameiro
A venda e ou o fornecimento mesmo que gratuito de bebida alcoólica para menores de dezoito anos são proibidos por Lei. Nem os próprios pais podem fazê-lo. Essa proibição está prevista no Art. 243 da Lei 8069/90 – “Estatuto da Criança e do Adolescente – Dos Crimes em Espécie”.
A Lei, entretanto, não tem sido cumprida por omissão, tolerância, displicência, má-fé, interesses comerciais e outros motivos inconfessáveis.
A análise desta temática, na realidade, deve ser desenvolvida não somente à luz da Lei, mas, e principalmente, à luz do bom senso, da valorização do Ser e dos relacionamentos interpessoais. Cuidar bem da educação de crianças e jovens para princípios e valores que preservem a vida e a dignidade é tarefa de cada família e de toda a sociedade. A Lei busca dar forma a esta necessidade básica.
O aumento do consumo de álcool pelos jovens, em idade cada vez mais precoce, preocupa pais e educadores do mundo todo – e a nossa cidade não é exceção.
São inúmeras as pesquisas que têm sido realizadas e divulgadas (basta “dar uma volta” pela internet para tomar conhecimento); quase todas elas nos remetem a informações como estas:
– 40% das mortes entre jovens ocorrem em acidentes de trânsito, sendo metade causados por alcoolismo;
– 50% de crianças entre 10 e 12 anos já provaram bebida alcoólica;
– São raros os pais que não fazem vista grossa sobre o consumo de álcool entre filhos adolescentes;
– Meninas têm sido vítimas de estupros por terem ingerido bebida alcoólica e, em consequência, ficado sem autocensura e autocontrole;
– Lares desintegrados são convite a todo tipo de desajuste;
– Relacionamento familiar insatisfatório aumenta em 121 vezes a chance de desenvolver dependência;
– O primeiro contato dos adolescentes com álcool acontece muitas vezes dentro de casa, sob os olhos dos familiares;
– 28% beberam pela primeira vez em casa e, em 21,8% dos casos, as bebidas foram oferecidas pelos pais;
– 23,81% beberam pela primeira vez devido às pressões do grupo de amigos, 11% brigaram após beber, e 19,5% faltaram à escola.
Importante registrar que a maioria dos jovens afirma que começou apenas por curiosidade. Ora, ninguém precisa pôr a mão no fogo para saber que queima…
“…A educação severíssima do passado deu lugar a seu oposto absoluto – a liberdade total. O que se vê hoje são garotos e garotas indo a festas várias vezes por semana e voltando para casa às cinco da manhã. Nem todos, é claro, irão abusar do álcool. Mas essa rotina desregrada é certamente um convite aos excessos. Uma das características da juventude – não necessariamente um defeito – é querer experimentar de tudo.” (Ilana Pinsky – Psicóloga)
Está mais do que na hora de os adultos, pais e educadores, se unirem para ajudar esses jovens que, sem perceberem, estão trilhando um caminho muitas vezes sem volta.
E não nos esqueçamos da mensagem Bíblica: “Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas eu não me deixarei dominar por coisa alguma” (ICor 6,19). É um aprendizado que, ancorado na nossa fé na vida, nos engaja em uma caminhada comum de busca de vida em plenitude (Jo 10,10) para os nossos adolescentes e jovens.
A pedagogia da presença, que é o contato habitual com os adolescentes e jovens, constitui um dos eixos mais significativos da educação. Por isso, é fundamental que não deixemos perder a proximidade pedagógica que ensina e que aprende e que tem a força de cultivar a vida, de valorizar a família, de propiciar a felicidade e de realizar os sonhos.
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Artigo publicado no jornal “O Popular” de Goiânia em 10/03/16, no jornal digital “Nota 10” da APADE em 14/03/16, no jornal “O Hoje” de Goiânia em 18/03/16, no “Jornal do Brasil” – digital – de 03/10/16 e na revista "Nova Família" em 18/03/20.
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