O TEXTO NO CONTEXTO COMO PRETEXTO - Para debates em família e na escola - Roberto Gameiro

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sexta-feira, 14 de março de 2025

A IMPORTÂNCIA DAS NOSSAS RAÍZES ANCESTRAIS

Roberto Gameiro

Bert Hellinger, escritor, psicoterapeuta e padre alemão (1925-2019), escreveu:

“Atrás de mim estão todos os meus ancestrais me dando força. A vida passou através deles até chegar a mim. E em honra a eles eu a viverei plenamente.” 

De geração em geração, vão sendo construídas nossas identidades, cada uma das quais traz raízes culturais e sociais das que a antecederam. Eu tenho muito dos meus pais; os meus filhos têm muito de mim e da mãe deles. Os meus netos têm muito dos avós e dos pais. 

Hoje, eu não sou o mesmo que era ontem, assim como o rio que renova suas águas enquanto busca o oceano.

A conexão com as origens permite que cada um de nós se reconheça dentro de um contexto cronológico que compreende  a transmissão de valores histórico-culturais, tradições e elementos genéticos que constituem aquisições valiosas acumuladas de geração em geração.


No mundo de hoje, em que a globalização põe à prova constantemente as identidades individuais e coletivas, é mister o sentido de pertencimento a raízes ancestrais que propicia a compreensão de onde viemos e de quem somos e valoriza e resguarda o conjunto da produção cultural das gerações precedentes.

Princípios e valores saudáveis transmitidos ao longo das gerações fortificam a nossa cognição, o que resulta em tomadas de decisão e comportamentos alinhados com o legado familiar, possibilitando a construção de um sentido de vida que valoriza a amorosidade, o respeito e a solidariedade.

Há um provérbio Chinês que diz: “Esquecer os ancestrais é como ser um riacho sem nascente, uma árvore sem raízes.”

Portanto, reconheçamos e valorizemos nossas raízes ancestrais. Assim, manteremos intensa a chama das contribuições daqueles que nos precederam e fortaleceremos as identidades individuais e coletivas do nosso tempo.

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Roberto Gameiro é Mestre em Administração com ênfase em gestão estratégica de organizações, marketing e competitividade; habilitado em Pedagogia (Administração e Supervisão); licenciado em Letras; pós-graduado (lato sensu) em Avaliação Educacional  e em Design Instrucional. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br  

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sexta-feira, 7 de março de 2025

MENSAGEM - QUAIS OS PRINCÍPIOS E OS VALORES CENTRAIS DA ESCOLA?

                       MENSAGEM DE ROBERTO GAMEIRO

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          TEXTO PARA VERSÕES EM OUTRAS LÍNGUAS 
          TEXT FOR VERSIONS IN OTHER LANGUAGES

A maior parte dos conflitos existentes entre família e escola acontece pela  falta de coerência entre as suas identidades, e das contradições decorrentes. Portanto, pais, quando forem escolher a escola para seus filhos, busquem conhecer os atributos que regem o seu funcionamento. Se a escola identifica “princípios” e “valores” na sua apresentação, procurem conhecê-los para ver se eles vêm ao encontro dos da sua família. A pergunta, então, poderá ser: quais são os “princípios” e os “valores centrais” da escola? Eles atendem às nossas expectativas para a formação dos nossos filhos? Família e escola devem ser parceiras. Para isso, idealmente, suas identidades devem ter (muitos) pontos comuns.

 

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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

A MEMÓRIA SABE MAIS DE MIM QUE EU


 

Roberto Gameiro


“A memória guardará o que valer a pena. A memória sabe de mim mais que eu; e ela não perde o que merece ser salvo.” (1)


A memória humana tem características que constantemente nos surpreendem. Dizem que usamos apenas 10% da capacidade do nosso cérebro; e, ainda assim, temos um volume tal de informações armazenadas na nossa memória impossível de ser mensurado. Ela guarda aquilo que merece ser guardado; momentos importantes e expressivos das nossas vivências, aqueles que têm um valor especial para nós, são selecionados por ela e “salvos” para uso posterior, numa perfeita curadoria, e, incrível, não conseguimos saber o porquê. Na realidade, não sabemos exatamente o que sabemos, nem o quanto sabemos; mas os conhecimentos estão lá guardadinhos para serem recuperados a qualquer momento.


Essa ligação entre memória e conhecimento propicia-nos a capacidade de usufruir do que já aprendemos, e de embasar o enriquecimento da nossa cognição.


Conhecer as características de cérebro, mente, tipos de memória, informação, dados, conhecimento e saber é habilidade necessária para todos os que se pretendem pesquisadores, como forma de aumentar seus fundamentos teóricos para desenvolver uma práxis adequada ao nosso tempo.

 

Há três tipos de memória. A sensorial, a de curto prazo e a de longo prazo. Resumindo, a sensorial é a memória imediata ligada aos sentidos; a de curto prazo tem capacidade limitada e retém informações temporariamente; a de longo prazo tem a capacidade de armazenamento de informações por longo tempo, inclusive pela vida toda. Muito da memória de curto prazo se transfere para a de longo prazo. 


A memória de longo prazo tem tudo a ver com a formação do nosso caráter, da nossa personalidade, dos nossos princípios e valores; é ela que dá o tom para a formação e manutenção da nossa identidade pessoal. 


A esse volume de informações guardado na memória de longo prazo podemos chamar de “conhecimentos prévios”; são eles que “recepcionam” as novas informações que recebemos a todo momento e as acomodam entre eles fazendo o ajuste das interconexões que dão suporte à nossa cognição. É um maravilhoso universo que só Deus poderia criar.


Entretanto, cuidemos, porque se acreditarmos firmemente que uma informação falsa recebida é verdadeira, “enganaremos” o nosso cérebro, e essa informação vai “bagunçar” grande parte da nossa estrutura cognitiva, fazendo-nos pensar e agir em desacordo com o nosso caráter e nossa personalidade. 


Confúcio escreveu que “aprender sem pensar é tempo perdido”. 


Entretanto, consideremos que o que é falso para uns, pode ser realmente verdadeiro para outros, dependendo da ideologia de cada um. O que desconcerta alguns, cai como uma luva para outros. 


Aqui, nos ajuda William Shakespeare: “Há mais mistérios entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia”.


Referência

(1) Eduardo Galeano, no livro “Dias e noites de amor e de guerra”. [tradução de Eric Nepomuceno]. Porto Alegre: L&PM Editores, 2001.


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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

MENSAGEM - VALORIZEMOS A VIRTUDE, A HONRA E A HONESTIDADE


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          TEXTO PARA VERSÕES EM OUTRAS LÍNGUAS 
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No Japão, após o tsunami, a população comprava o estritamente necessário para não prejudicar o próximo. Na França, depois dos atentados terroristas, os táxis faziam corridas gratuitas. No Brasil, na greve dos caminhoneiros, a gasolina chegou a quase dez reais o litro; a alface, sete reais o maço; o saco de batatas dobrou de preço. E não é culpa apenas de maus políticos. Temos notícias da corrupção desde a época do Império. Parece que isso está impregnado no tal “jeitinho brasileiro”; afinal, “o negócio é levar vantagem em tudo; certo?” Errado. A maioria da população brasileira é constituída de pessoas do bem. Ainda bem.  Portanto, não desanimemos da virtude, valorizemos a honra e não tenhamos vergonha de sermos honestos.

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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

TUDO DEPENDE DO OLHAR


Roberto Gameiro


“Um pai resolveu mostrar para o filho como é bom ser rico.

Foi com o garoto passar um fim de semana num sítio de pessoas muito pobres. 

Quando voltaram, perguntou ao menino:

- Como foi a viagem?

- Muito boa, papai!

- Você entendeu a diferença entre a riqueza e a pobreza?

- Sim.

- E o que você aprendeu?

- Eu vi que nós temos só um cachorro em casa. Eles têm quatro. Nós temos uma piscina que alcança o meio do jardim; eles têm um riacho que não tem fim. Nós temos uma varanda coberta e iluminada; eles têm uma floresta inteira...

Ao final da resposta, o pai ficou boquiaberto, sem reação.

E o garotinho, abraçando fortemente o seu pai, completou:

- Obrigado, pai, por me mostrar o quanto nós somos pobres!”

(Autor desconhecido)


Pois é. Tudo depende do olhar que se tem em relação ao que se vê e ao que se sente. 


Este diálogo entre pai e filho nos convida a refletir sobre as diferentes percepções que podem ser exploradas a respeito de riqueza e pobreza.


Diferentemente do pai que valoriza os bens materiais, objetivos, a criança percebe maior valor nos bens imateriais, subjetivos; enquanto aquele observa a falta de recursos materiais, esta se encanta com a riqueza existente na simplicidade da vida e na profusão de elementos naturais, comparando-os com o status financeiro e econômico da sua família.


O pai pretendia levar o filho a reconhecer o quanto eles eram ricos em função dos bens materiais que possuíam. Deu com os “burros n’água”, pois a criança focou sua percepção em enxergar para além das aparências, identificando valores essenciais naturais como prova de riqueza, e colocando em plano secundário os bens materiais. 


São visões diferentes de um mesmo contexto. Sob o meu olhar, não se pode afirmar que uma ou outra esteja errada ou equivocada, mas nos leva a ponderar sobre a necessidade de a educação infantil propiciar condições para a criança explorar valores morais e éticos, para saber discernir sobre o certo e o errado, conforme vai consolidando suas estruturas mentais, promovendo a conscientização social e as vivências do dia a dia,  além de reconhecer e agradecer as graças que o Criador nos deu e dá, independentemente de bens materiais ou imateriais.


Para o pai, fica a lição bem expressada por Augusto Cury: “Você precisa conquistar aquilo que o dinheiro não compra. Caso contrário, será um miserável, ainda que seja um milionário."

 

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sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

MENSAGEM - CONHECIMENTO E SABER - SEGURANÇA E LIBERDADE

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          TEXTO PARA VERSÕES EM OUTRAS LÍNGUAS 
          TEXT FOR VERSIONS IN OTHER LANGUAGES

Conhecimento e saber são constituintes de um concerto humanístico que pode trazer, além de felicidade, a conquista de bens materiais. O que quero ressaltar é a importância que têm o conhecimento e o saber nas nossas vidas, bem como a percepção de segurança e liberdade que nos trazem para enfrentar os desafios cotidianos. Por oportuno, vale recordar a diferença entre conhecimento e saber. O conhecimento é uma pertença do indivíduo, construído no seu cérebro através da inserção das informações que recebe no dia a dia. Quando você se dispõe a comunicar um conhecimento, ele volta à condição de informação e toma a forma de saber. Entretanto, cuidemos, porque conhecimento e saber podem ser usados para o bem, assim como para o mal.
 

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sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

GESTOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL - SINFONIA DE ENCANTOS


Roberto Gameiro


A corrida para os abraços na chegada, a alegria do reencontro diário, o afago, a confiança, os olhares cúmplices, a expectativa das novas possibilidades, a pertença ao grupo.


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Todos os sons, todas as fragrâncias, todas as cores, todas as texturas, todos os sabores, tudo junto e misturado, formam um lindo concerto de formas e atitudes que emolduram os relacionamentos dos pequeninos, verdadeiros tesouros a encantar a vida.


Isso tudo sob a batuta de um ser humano especial, a professora, que rege a sua pequena “orquestra” harmonizando, num só ambiente, diferentes emoções, personalidades, desejos e anseios.


O brilho nos olhares iluminando relacionamentos muitas vezes conflituosos, característica das tenras idades. Fica o brilho, desaparecem os conflitos com a mesma velocidade com que apareceram.


Os sorrisos nos lábios como que a enfeitar os rostinhos puros de expressão e ímpares na comunicação. Formas que emocionam e aquecem os corações.


Assim, e muito mais, é o dia a dia de uma turminha de Educação Infantil em qualquer escola pública, privada, comunitária, confessional ou laica.


Satisfeitos na ambientação e acolhidos nas relações, abrem-se para as buscas, para a curiosidade, para o aprendizado. E vão se construindo e reconstruindo num ciclo virtuoso de autossuperação que comumente surpreende docentes e pais.


Estão se inserindo num mundo que já existe e clama por ser conhecido por eles com suas perfeições e imperfeições que neles causa ora estupefação, ora indiferença; ora surpresa, ora desolamento, numa ambivalência que desafia agradavelmente a tarefa da professora como animadora e como orientadora.


São gestos e expressões da primeira infância, momento precioso para o desenvolvimento humano, ocasião em que a estrutura do cérebro se constitui e forma o arcabouço sobre o qual repousarão todas as possibilidades de aprendizagens cognitivas e emocionais advindas das experiências da vida.


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Artigo publicado no jornal "O Popular" de Goiânia em 08/01/19.


Publicado originalmente neste blogue em 26/04/2020. 


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sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

MENSAGEM - VISITA FAMILIAR - PRESENCIAL OU VIRTUAL?

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Uma charge parecida com esta cena nós já vimos nas revistas e na Internet: uma família em visita à vovó, todos nos sofás da sala, cada um “ligado” no seu celular; menos a vovó, que aguardara ansiosamente por esse momento e, mais uma vez, estava ali esperando algum sinal de vida presencial fora da vida virtual. Só se ouve o barulho das teclas sendo apertadas num ritual que, visto de fora, causa espanto e indignação. De repente, ouve-se uma voz. Que bom! Parece que vai se iniciar uma conversa. Que nada! Era a neta gravando uma mensagem de voz para a mãe ... que estava ali a menos de dois metros dela. Não se pode negar, entretanto, a importância que têm os celulares no dia a dia das pessoas, facilitando contatos, agilizando decisões, enviando mensagens, ligações de voz e outras inúmeras funções... Mas a visita familiar, na cena focada, continuou num “silêncio ensurdecedor”.




























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sexta-feira, 1 de novembro de 2024

MENSAGEM - CRIANÇAS: TESOUROS VALIOSOS


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Nós, professores, somos seres privilegiados pois tratamos, diariamente, com os tesouros mais valiosos deste mundo: as crianças. Como é gratificante conviver com “serzinhos” tão especiais que chegaram num mundo que já existia e ao qual estão se abrindo, conhecendo, interagindo, sentindo-se parte e percebendo que podem intervir nele para torná-lo melhor.  O que dizer, então, dos pais que os geraram e têm a alegria, a emoção e a responsabilidade de os educar, formando-os para o bem e para valores morais e éticos. Cada uma delas vai crescendo e construindo um sentido para sua vida baseado nas suas vivências e nos ensinamentos vindos dos pais e da escola. Sentido de vida se constrói com base em sonhos; e as crianças os têm e muitos.

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sexta-feira, 4 de outubro de 2024

MENSAGEM - PLANTANDO SEMENTES DE SOLIDARIEDADE


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Num avião, quando caem as máscaras de oxigênio, devemos colocá-las primeiro em nós e depois nas crianças, idosos e pessoas com necessidades especiais. Primeiro, temos de cuidar de nós para que depois tenhamos condições de poder cuidar do outro e do grupo. Os bem-estares individual e coletivo devem ser lastreados pelo ambiente num processo sustentável que permita o alcance do equilíbrio biopsicossocial. A melhor forma de se alcançar esse equilíbrio entre o individual e o coletivo é a partir das práticas solidárias. Para sobreviver, precisamos, sem dúvida, uns dos outros. Quem pratica o bem, sem esperar recompensas, está plantando sementes de solidariedade cujos frutos tornarão o mundo melhor.
 

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sexta-feira, 13 de setembro de 2024

CRIANÇAS SEM LIMITES



Roberto Gameiro


Se os pais não colocarem limites nos filhos, quem vai fazê-lo? A Fonoaudióloga, a Pediatra, a Psicóloga, a Neurologista? Limites quem coloca são o pai e a mãe. É responsabilidade intransferível deles, junto da colocação de valores morais e éticos. A uma mãe, a um pai, deveria bastar um olhar, firme, sério, para fazer com que um filho, uma filha, se porte adequadamente em qualquer lugar: em casa, no clube, no shopping, no condomínio. Aos meus filhos, quando crianças e adolescentes, bastava um olhar da mãe, que eles chamavam de “olhar 43”, e pronto; tudo sob controle. 


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Salvo casos comprovados de alguma patologia, que deverá ser acompanhada pelos profissionais citados, e outros, a verdade é que as crianças estão “deitando e rolando” sobre pais assustados que não sabem o que fazer para colocar limites nos filhos. E evitam tomar atitudes mais firmes para “não os traumatizar”. E procuram os consultórios na esperança de um “remedinho” que os faça acalmar.


Há crianças que ainda em tenra idade batem nos pais. Alguns acham isso até engraçado, e riem da atitude peralta da criança. Se isso não for coibido logo, essas crianças "peraltas e engraçadinhas”, quando adolescentes, vão continuar batendo, inclusive nos irmãos e nos amigos.  O ditado “é de pequenino que se torce o pepino”, desculpem a comparação, vale para essas situações. 


Não tem essa de chamar o filho de “amigo”, “amigão”. Filho é filho e não “amigão”. Pai e mãe não são amiguinhos dos filhos. São pai e mãe, e como tal precisam ser vistos e respeitados pela sua prole. Claro que o amor parental contém os atributos do afeto, da amizade, da ternura, componentes indissociáveis, mas sem que se abdique da autoridade inerente. Chamar os filhos dessa forma cheira a fuga da atribuição de colocar limites; “afinal, amigo é amigo”, nada mais.


Sempre é bom lembrar, entretanto, o que reza o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): “Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis (...)”.


O movimento “Amor Exigente” tem uma frase bem apropriada: “meu filho, eu amo muito você, mas não posso concordar com o que você está fazendo”. Pena que alguns pais resolvam demonstrar o amor que têm pelos filhos colocando-se contra a escola quando esta toma alguma atitude mais firme em função de indisciplina e desrespeito. Educação se traz de casa; a escola é parceira no aprendizado e no reforço da educação que vem de casa.


Ora, se os pais não assumirem a responsabilidade por colocar limites nos filhos, quem fará isso no futuro: a polícia?

Publicado originalmente em 03/08/18.

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sexta-feira, 9 de agosto de 2024

MENSAGEM - NÃO É FÁCIL SER ADOLESCENTE


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Não é fácil ser adolescente hoje. Nunca foi. A diferença é que atualmente são outros os quesitos que regulam as posturas e ações desses jovens. Agora, as preocupações são outras; dos jovens e de seus pais e educadores. Entre elas, podemos citar o aumento assustador do número de suicídios, o consumo crescente do uso de drogas das mais variadas espécies, lícitas e ilícitas, a violência que grassa na sociedade, o individualismo exacerbado, a baixa qualidade do ensino, especialmente nas escolas públicas, o desrespeito aos professores, o bullying, a quebra constante de paradigmas morais e éticos que deixa pais e educadores perplexos e indecisos etc. E põe “etc” nisso...

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sexta-feira, 19 de julho de 2024

A SERENIDADE COMO PONTO DE EQUILÍBRIO

Roberto Gameiro

Noutro dia, encontrei, numa postagem no Facebook, a seguinte afirmação: “O bom de conversar com pessoas inteligentes é que você pode discordar sem correr o risco de virar inimigo ou ficar de mal.”. Procurei, mas não consegui encontrar a autoria.

Nessa frase, entendo que poderíamos trocar a palavra “inteligentes” por “bem-educados” e o sentido continuaria o mesmo. 

Sob essa premissa, ou seja, a de que estamos conversando com uma pessoa bem-educada, o diálogo flui de forma respeitosa e construtiva, o que constitui característica de maturidade cognitiva e emocional de ambas as partes. 

Dessa forma, todos ensinam e todos aprendem reciprocamente, enriquecendo-se intelectualmente. Todos ganham e o relacionamento se fortalece.

Neste mundo atual em que os relacionamentos estão pautados por ideologias   extremamente discrepantes, em segmentos significativos da população, todo e qualquer empenho para trazer a serenidade para o centro das atenções dialogais, sejam pessoais, sejam nos grupos, ou, especialmente, entre nações, é condição primeira para o início de um entendimento produtivo.

A serenidade constitui, nestes casos, um “saber ouvir o outro” com atenção e respeito, procurando entender seus argumentos, mesmo que não concordemos com eles por termos pontos de vista divergentes, e tentar encontrar opções que possam atender e conciliar essas diferenças.

No campo diplomático das relações entre nações, na divergência, há que se procurar interesses comuns que, de forma corretamente ética, possam constituir pontes que levem à solução de conflitos.

E nos relacionamentos pessoais, idem, assim como nos grupos. Cada indivíduo tem visões e  perspectivas   de  mundo   personalíssimas  e  as  aplica  e  defende.          Sendo bem-
-educado e ou inteligente, espera-se que desenvolva um diálogo em que posições divergentes poderão ser enfocadas construtivamente.

Afinal, a diversidade de opiniões é essencial para o progresso e para o entendimento mútuo, e a serenidade é o ponto de equilíbrio para a discussão de qualquer conflito.

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sexta-feira, 5 de julho de 2024

ESCOLHAS NEM SEMPRE SÃO FÁCEIS

Roberto Gameiro


Frequentemente, temos de fazer escolhas. Nem sempre a escolha é fácil de ser feita, pois ela depende de diversos fatores a serem pesados e considerados, como o contexto, as circunstâncias desse contexto, dos seus possíveis efeitos colaterais (positivos e negativos), culturais, sociais, familiares, profissionais, espirituais ...


Toda escolha é uma tomada de decisão que pode impactar nossas vidas e a sociedade ao nosso redor, principalmente quando são constituídas de temas complexos e desafiadores; ainda mais se houver influências externas. 


Alvin Toffler, escritor e futurista norte-americano, escreveu que “o futuro é constituído pelas nossas decisões diárias, inconstantes e mutáveis, e cada evento influencia todos os demais”.


Cada um de nós tem um sentido de vida construído e reconstruído ao longo dos anos, calcado especialmente no nosso caráter, na nossa personalidade e, consequentemente, nos princípios e valores que norteiam nossas posturas e ações. Qualquer tomada de decisão que nos leve a uma escolha precisa estar coerente com esse conjunto de atributos pessoais. 


Tem de ser assim, por exemplo, quando escolhemos os nossos candidatos a funções eletivas como síndicos, conselheiros tutelares, diretorias de entidades representativas, vereadores, prefeitos, deputados, senadores e presidentes da república. Supõe-se que cada um deles, nosso escolhido, tenha princípios e valores equivalentes aos nossos e vai nos representar efetivamente no exercício do seu cargo.


Entretanto, nem sempre isso acontece. Não é raro acontecer que o nosso escolhido, eleito, passe a ser favorável a temas que contrariam o seu próprio plano de ação apresentado quando era candidato, e que nos levou a escolhê-lo, decepcionando-nos como nosso representante. Com certeza, vamos “pensar duas vezes” antes de escolher novamente esse indivíduo. 


Escolhas nem sempre são fáceis. Elas constituem um aprendizado constante e imprevisível, difícil de se “acertar no alvo”.


Assim é em todos os setores da coexistência em sociedade. Seja na escolha do futuro marido, ou esposa; na escolha da profissão ou atividade laborativa; na escolha do melhor candidato a uma vaga de trabalho; na escolha do lugar ideal para realizar uma cirurgia etc.


Por isso, antes de fazer uma escolha, busque a maior quantidade possível de informações, faça pesquisas, pergunte, pergunte e pergunte. Não seja precipitado.


Quem faz escolhas, e todos nós fazemos, assume riscos. Mas esses riscos são inerentes à condição humana. Estamos sempre nos equilibrando entre uma escolha e outra, o que nos fortalece, nos faz crescer e propicia condições para que nos adaptemos aos inevitáveis desafios que teremos de enfrentar na vida.


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sábado, 8 de junho de 2024

A BUSCA NECESSÁRIA DE EVIDÊNCIAS

Silhuetas, Pessoa, Máscara


Roberto Gameiro


As ponderações constantes neste artigo nos impelem a refletir sobre o processo de formação das crianças e adolescentes cuja condução está sob a nossa responsabilidade.


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Na nossa memória de longo prazo, temos conhecimentos construídos ao longo da vida, os quais são denominados “conhecimentos prévios” que sustentam nossa cognição e nossas emoções e servem de base para a construção de novos conhecimentos a partir dos novos dados e informações que recebemos a todo momento. É, portanto, uma construção somativa cumulativa que vai crescendo sem que percebamos e formatando nossas percepções, nossas tomadas de decisão e nossas identidades como seres humanos e sujeitos de papéis sociais.


René Descartes (1596-1650) escreveu no seu “Meditações Metafísicas”, na “Meditação Primeira”: “Há já algum tempo me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera grande quantidade de falsas opiniões como verdadeiras e que o que depois fundei sobre princípios tão mal assegurados só podia ser muito duvidoso e incerto; ...”


Quantas falsas informações recebemos como verdadeiras sem cotejar com evidências que as validem, e as aceitamos como tal, inserindo-as na nossa memória e ponto.


Essas falsas informações vão servir de “adubo” receptáculo na inserção de novos dados e informações, construindo novos conhecimentos falhos na base.


É uma espécie de “bola de neve” que vai crescendo e nos iludindo, fazendo-nos tomar decisões erradas, conflituosas e ausentes de evidências comprobatórias.


Isso causa uma confusão mental significativa, principalmente se conflitivas com o nosso caráter e nossa personalidade.


É nesse momento que vale a pena conhecer a continuidade do texto de Descartes: “...de forma que me era preciso empreender seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões que até então aceitara em minha crença e começar tudo de novo desde os fundamentos, se quisesse estabelecer algo firme e constante nas ciências”.


 Você está ou já esteve nessa situação?


E as nossas crianças e adolescentes? Estão sendo capacitadas para discernir entre o certo e o errado?  Em meio a tantas novas tecnologias da informação disponíveis, estão habilitadas a procurar evidências que validem o que leem e ouvem, em fontes fidedignas, antes de aceitar como verdadeiras as informações, ou os dados? 


Não basta, portanto, que nós adultos assumamos a postura da dúvida proposta por Descartes há quase quatrocentos anos, no texto aqui apresentado, ou parte dela. Há que se capacitar os meninos e as meninas para assumir essa forma de tratar a construção dos seus conhecimentos, para não caírem nas armadilhas inerentes.


Se cada um de nós cuidar dos seus, além de contribuirmos para a importante formação de uma criança ou adolescente, construiremos, também, uma sociedade melhor, mais verdadeira e mais confiável. 


Publicado originalmente em 04/03/2019


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Roberto Gameiro é Mestre em Administração com ênfase em gestão estratégica de organizações, marketing e competitividade; habilitado em Pedagogia (Administração e Supervisão); licenciado em Letras; pós-graduado (lato sensu) em Avaliação Educacional  e em Design Instrucional. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br

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sábado, 11 de maio de 2024

INDISCIPLINA NAS ESCOLAS

Classe, Sala De Aula, Professora

Roberto Gameiro


É de fácil constatação que a indisciplina dos estudantes em muitas das escolas públicas começa nos ciclos iniciais e vai progressivamente aumentando  conforme se desenvolvem as séries da Educação Básica.


Isso se deve em grande parte à desagregação de famílias e a consequente falta de orientação em valores morais e éticos. Deve-se, também, à violência que grassa ao redor das vivências sociais de muitas dessas crianças e adolescentes que passam a ser verdadeiras vítimas do ambiente em que convivem. Claro que não se pode generalizar a questão, sob pena de sermos injustos com aquela parcela de alunos disciplinados e famílias bem constituídas, cooperadoras e participativas.



Essa violência é levada de diversas formas para dentro das escolas públicas, o que torna os professores reféns de um ambiente inóspito que causa angústia e desestímulo.

Mas acreditem; não são apenas as escolas públicas que estão sofrendo desses males. Com nuances um pouco diferentes nas causas e nas consequências, também as escolas particulares padecem nas mãos de certo número de estudantes irreverentes e famílias não participativas que “sabem” de seus direitos, mas ignoram seus deveres.

Telma Vinha, pedagoga e doutora em educação, escreve que  “independentemente de a família desempenhar seu papel, a escola necessita educar seus alunos para a vivência em uma sociedade democrática e contemporânea. Não pode ficar esperando mudanças nas famílias, receber alunos ideais ou que já tenham determinadas características para achar que, assim, terá êxito em sua tarefa. O desafio é dar conta do que acontece dentro do espaço de sua responsabilidade, no que se refere tanto à construção da moralidade, quanto à aquisição do conhecimento.”.  

Entretanto, é significativo o nível de tensão existente no dia a dia de diretores, coordenadores, orientadores e professores, fruto desse fenômeno que atualmente aparece em muitas das relações escolares envolvendo escolas, famílias e estudantes.

Isso tem levado um grande número de professores a abandonar o magistério para procurar outras áreas de atuação profissional, além de desestimular a escolha do magistério nas opções de graduação em nível superior.

A erradicação desses males terá de ser feita através de um esforço competente de toda a sociedade, a partir das posturas e ações dos cidadãos, especialmente dos pais e ou responsáveis, bem como das escolas.

Há que se valorizar aqueles pais que são verdadeiros parceiros das escolas e dos educadores que cuidam de seus filhos, dando-lhes o apoio e o reconhecimento que eles fazem por merecer no exercício dessa nobre profissão.


Há que se valorizar, também, aquelas escolas que já perceberam que sua atuação não se restringe à aquisição de conhecimentos por parte dos alunos, mas extrapola esse quesito, movimentando-se também nos aspectos educacionais da formação em valores morais e éticos para a capacitação de cidadãos conscientes e participativos.


Publicado originalmente em 04/02/2019

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