Roberto Gameiro
A escola em que cursei o que hoje corresponde à segunda fase do Ensino Fundamental tinha como lema a frase latina “omnia mecum porto”. Embora tivéssemos no currículo a disciplina “Latim”, poucos de nós tínhamos a real percepção da profundidade semântica dessa frase; mas usávamos com orgulho o uniforme com a frase bordada nas costas!
“Omnia mecum porto” significa “trago tudo comigo”. Conta-se que quando Priene, na Grécia antiga, estava cercada pelos Persas, todos se preocupavam em fugir levando bens, joias, ouro e prata, à exceção de Bias, um dos sete sábios da Grécia, que fugiu levando apenas seus livros e seus conhecimentos. Perguntado, ele respondeu: “Omnia mecum porto”, ou seja, o conhecimento e o saber são os bens que realmente têm valor para o ser humano.
Longe de mim querer dizer que é “pecado” ter bens, joias, ouro e prata. O que quero ressaltar da frase em questão é a importância que têm o conhecimento e o saber nas nossas vidas, bem como a percepção de segurança e liberdade que nos trazem para enfrentar os desafios cotidianos.
Conhecimento e saber são constituintes de um concerto humanístico que pode trazer, além de felicidade, a conquista de bens materiais.
Por oportuno, vale recordar a diferença entre conhecimento e saber. O conhecimento é uma pertença do indivíduo, construído no seu cérebro através da inserção das informações que recebe no dia a dia. Quando você se dispõe a comunicar um conhecimento, ele volta à condição de informação e toma a forma de saber.
Entretanto, cuidemos, porque conhecimento e saber podem ser usados para o bem, assim como para o mal.
Descartes (1596-1650) escreveu no seu “Discurso sobre o Método”: “Não é suficiente ter a mente sã: o essencial é bem aplicá-la. As maiores almas estão capacitadas aos maiores vícios como às maiores virtudes. Os que caminham muito vagarosamente podem se adiantar muito mais, se prosseguirem sempre em seu caminho reto, do que os que correm e se afastam desse roteiro.”.
Descartes (1596-1650) escreveu no seu “Discurso sobre o Método”: “Não é suficiente ter a mente sã: o essencial é bem aplicá-la. As maiores almas estão capacitadas aos maiores vícios como às maiores virtudes. Os que caminham muito vagarosamente podem se adiantar muito mais, se prosseguirem sempre em seu caminho reto, do que os que correm e se afastam desse roteiro.”.
Haja vista a situação de certos governantes, políticos e empresários envolvidos em processos de corrupção. Muitos usaram seus conhecimentos e seus saberes para o mal, acumulando ilegalmente imensas fortunas e bens dos quais não terão condições de usufruir nem que vivam vários séculos; para estes, dizer “omnia mecum porto” significaria o aporte de muitos contêineres com peso proporcional ao peso na consciência de cada um deles.
Lembremo-nos sempre do que disse Platão: “A coisa mais indispensável a um homem é reconhecer o uso que deve fazer do seu próprio conhecimento.”.
Obs.: Na passagem do tradutor para o inglês, “conhecimento” e “saber” têm a mesma tradução: knowledge.
Artigo publicado no jornal "O Popular" de Goiânia em 10/04/18. Atualizado em 13/10/19.
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Roberto Gameiro é Palestrante, Consultor e Mentor
na área de “Gestão de escolas de Educação Básica”. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br.