Roberto Gameiro
Há que se buscar usufruir da alegria dos momentos de vivência com os filhos. Tempos que não voltarão.
O que pode ser mais agradavelmente impactante na vida de um homem e de uma mulher do que a alegria do nascimento de um filho? Uma criança, na vida de um casal, além de ser a realização de um sonho, é motivo para recomeços, novas experiências, novas buscas, novas manhãs, novos ventos.
“Estrada do Sol”, música de Tom Jobim e Dolores Duran, nos apresenta uma das letras mais bonitas que já conheci do cancioneiro nacional, além de uma melodia cativante.
“É de manhã, vem o sol mas os pingos da chuva que ontem caiu (...), ainda estão a dançar (...); quero que você me dê a mão, vamos sair por aí sem pensar no que foi que sonhei, (...)que sofri, (...) me dê a mão vamos sair pra ver o sol.”
Várias são as interpretações que se podem colher do texto dessa canção, mas escolho a alegria contagiante desses versos, que nos remete a uma felicidade, mesmo que passageira, como toda felicidade é, que apazigua corações e conforta expectativas.
A vida é um somatório de momentos. Momentos de alegria, momentos de tristeza, momentos de expectativas, momentos de realizações, momentos de decepções.
Rubem Alves, no seu “Tempus Fugit”, escreveu: “Quem sabe que o tempo está fugindo descobre, subitamente, a beleza única do momento que nunca mais será...”
A nossa existência é realmente um somatório de tempos que nunca mais voltarão.
Os filhos nos propiciam a vivência de momentos incrivelmente ricos, que, além de reforçar o amor maternal e paternal, aquecem os nossos corações de pais, fazendo-nos superar, juntos, o que eventualmente choramos e o que sofremos. São ocasiões importantes para ressaltar o valor da família como núcleo formador da prole em moral e ética. Além, é claro, de nos aproximar amorosamente das experiências das faixas etárias deles.
O saudoso Ataulfo Alves (1909-1969), compositor e cantor brasileiro, escreveu na sua canção “Tempos de Criança”: eu era feliz e não sabia. Assim, também, nós adultos temos muitas oportunidades de viver a felicidade na companhia das nossas crianças e adolescentes fazendo-os e fazendo-nos felizes, conscientes da importância do aqui e agora.
Saibamos, pois, aproveitar e privilegiar esse mundo mágico da infância de nossos filhos, rendendo-nos de mãos dadas com eles, antes que seja tarde e só possamos nos arrepender por não tê-lo feito.
Mas, mais do que isso, lembremo-nos que “filho não tem idade”. Qualquer momento que possamos passar na companhia de nossos filhos, qualquer que seja a idade deles, é, sem dúvida, tempo oportuno para agradecermos a Deus o dom da vida.
Esqueçamos, nessas horas, as atribulações que o dia a dia nos traz.
E vamos sair para ver o sol!
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Roberto Gameiro é Palestrante, Consultor e Mentor nas
áreas de “Gestão de escolas de Educação Básica” e “Educação de crianças e
adolescentes”. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br.
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