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Roberto Gameiro
Dois amigos reuniram-se numa tardezinha para uma “cervejinha”.
Um deles, notando que o outro estava com a barba por fazer, brincou com ele dizendo:
- Você sabia que tombou um caminhão ali na avenida Marginal carregado com giletes?
O amigo deu uma risadinha demonstrando que entendeu a “indireta” e justificou o porquê de não ter “feito a barba”.
Até aí, trata-se de um diálogo até corriqueiro e uma licença metafórica jocosa em que se faz uma comparação subjetiva para se referir a algo de forma indireta.
Mas, então, há que se perguntar: - qual é esse “algo” a que o diálogo está se referindo?
Resposta: o hábito de muitos brasileiros de saquear cargas de veículos acidentados.
O diálogo sugere que o amigo perdeu uma boa chance de obter giletes de graça. Não significa, porém, que esses personagens fariam isso.
As imagens desses saques correm o mundo e tornam-se triste e vergonhosa representação de falta de decoro e decência de alguns, que contamina a forma como o mundo vê o nosso país.
Essa é uma ação criminosa que se soma a inúmeras outras que, infelizmente, estamos acostumados a ver nos noticiários diários.
No ranking do “Índice Global da Paz” de 2024, divulgado recentemente pelo “Institute for Economics & Peace” (Instituto de Economia e Paz), os três países mais seguros do mundo são, na ordem decrescente, a Islândia, a Irlanda e a Áustria”. Nesses países, nenhum cidadão entenderia a indireta que o conteúdo inicial deste texto traz.
Nesse ranking, o Brasil está na vergonhosa 131ª posição. Igual à da pesquisa anterior.
Rui Barbosa, quando Senador, em dezembro de 1914, escreveu: “A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem: (...) semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente da podridão, (...) promove a desonestidade, promove a venalidade (...)” E mais: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça; de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.”.
Como se percebe, essa situação é antiga.
Os cidadãos virtuosos, honestos, honrados, idôneos, especialmente os que são pais e professores de crianças e adolescentes, estão se sentindo impotentes para enfrentar essa falta de vergonha que grassa pelo país afora. Os princípios e os valores saudáveis que devem reger a vida em sociedade estão sendo destruídos pela desonestidade e pela corrupção, desestimulando os indivíduos a lutar contra essas influências deteriorantes que trarão danos também às próximas gerações.
Há que se buscar a transformação desta sociedade, cada um de nós fazendo a sua parte, para consertar o estrago que já foi feito por esta e pelas gerações anteriores, com perseverança e muita resiliência. Assim, talvez um dia, possamos nos orgulhar, como povo, da virtude, da honradez, do decoro e da honestidade. Aqui dentro e pelo mundo afora.
“O negócio é levar vantagem em tudo. Certo?”
- ERRADO!!
Roberto Gameiro é Mestre em Administração com ênfase em gestão estratégica de organizações, marketing e competitividade; habilitado em Pedagogia (Administração e Supervisão); licenciado em Letras; pós-graduado (lato sensu) em Avaliação Educacional e em Design Instrucional. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br
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MENSAGEM DE ROBERTO GAMEIRO
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Roberto Gameiro
O poeta e escritor português Fernando Pessoa, através do seu heterônimo Bernardo Soares, escreveu que é inútil viajar para a China se não saímos da bolha onde vivemos, ou seja, se não desembarcamos de nós mesmos.
Há momentos na vida em que precisamos nos desvencilhar dos nossos pensamentos rotineiros para arejar a mente e produzir novas percepções que nos levem a navegar por novas possibilidades, novas iniciativas, novos patamares e paradigmas.
Em outras palavras, devemos nos dar a chance de desembarcar momentaneamente de nós mesmos, e, após um período de reflexão intensa e corajosa, embarcar novamente em nós mesmos, porém, renovados, preparados e prontos para novas jornadas.
José Saramago (1922-2010) escreveu: "É preciso sair da ilha para ver a ilha. Não nos vemos se não sairmos de nós.".
A vida nos proporciona algumas dessas oportunidades, embora nem sempre as reconheçamos e as aproveitemos. São, por exemplo, aqueles momentos em que “o trenzinho" (da oportunidade) passa e ficamos na dúvida se devemos embarcar nele, ou não, sabendo que ele poderá não passar outra vez.
Nessas horas, somos tomados por sentimentos de esperança e de alegria, ao tempo em que nos sufoca uma certa angústia, um certo medo de errar e nos arrependermos.
Isso ocorre na vida tanto nos aspectos profissionais como nos pessoais. Porém, sabemos que as mudanças de rumo profissionais afetam as pessoais e vice-versa.
Quantas pessoas há que lamentam não terem aproveitado oportunidades que tiveram na vida; quantas lamentam o contrário. E sempre é bom lembrar que oportunidades não “caem do céu” ou por sorte; elas surgem, ou não, fruto de nossas posturas, ações, buscas e investimentos.
Portanto, estejamos sempre preparados, pois já se disse que sorte é o que acontece quando a preparação encontra a oportunidade.
Não há receita nem fórmula matemática para essas tomadas de decisão. Entretanto, nessas ocasiões, devemos apelar para o bom senso, para o aconselhamento e para a reflexão intensa, criteriosa e corajosa.
Tanto para o sim, como para o não.
Érico Veríssimo (1905-1975), escritor brasileiro, escreveu: "Quando os ventos da mudança sopram, algumas pessoas levantam barreiras, outras constroem moinhos de vento.".
Publicado originalmente em 08/09/17
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Roberto Gameiro é Mestre em Administração com ênfase em gestão estratégica de organizações, marketing e competitividade; habilitado em Pedagogia (Administração e Supervisão); licenciado em Letras; pós-graduado (lato sensu) em Avaliação Educacional e em Design Instrucional. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br
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Autorizadas, desde que com a inclusão dos nomes do blogue e do autor.